Desde a Praça Osório até a Rua Barão do Rio Branco, a velha Rua XV de Novembro ficava apinhada de gente, sempre chegando mais. Vindo em bondes, o povo começava a se reunir fazendo o footing que começava ao entardecer. Mascarados, fantasiados tendo a mão o lança-perfume e um saquinho de confetes.
O burburinho ia crescendo conforme a noite caía e as lâmpadas começavam a iluminar o lusco-fusco do domingo. Os automóveis circulavam fazendo o corso, num ir e vir em que os curitibanos faziam suas batalhas de confetes e serpentinas, entremeadas com jatos gelados do éter dos lança-perfumes. Era esse o carnaval de rua da velha Rua XV, com direito ao desfile dos carros alegóricos. Todavia, a rua foi fechada e o tríduo alegre começou a fenecer, mudou de lugar e foi perdendo o brilho alegre, apesar das tentativas de ressuscitá-lo.
Antigamente, o nosso carnaval tinha uma participação ilustre: um bloco subia a Serra do Mar para desfilar em Curitiba. Era o Bloco dos Apinagés de Antonina, criado por foliões daquela cidade em 1924. Fazia tanto sucesso que a prefeitura resolveu premiar o alegre grupo, e assim ficou instituído um concurso para o melhor bloco que se apresentasse; isso ocorreu no início da década de 1940. Virou obrigação, hoje em dia toda dita escola de samba se acha no direito de receber uma ajuda, em dinheiro, para se divertir.
Atualmente, as coisas mudaram. O curitibano é que desce a Serra para ir participar do carnaval em Antonina e, mesmo, se espalhar pelo litoral do Paraná e Santa Catarina. Os que ficam na capital gozam poucos dias de sossego, pois não se ouvem mais os batuques e os Zé Pereiras nos salões dos clubes. A zorra ficou por conta dos grupos que se reúnem no Largo da Ordem ou em algum bar, como é o caso da turma do Ao Distinto Cavalheiro. Assim mesmo, tais reuniões se antecipam aos dias de carnaval e são bem vigiadas pela polícia.
Carnavais como os de antigamente, exclusivamente, podemos ver em velhas fotografias e saber deles através de relatos de memória. A Rua XV forrada de serpentinas, a fragrância exalada pelos lançaperfumes e o desfile do corso maldito, organizado por grupos descontentes com os desmandos da política e com o mau funcionamento dos serviços públicos. Que falta faz o tal corso maldito no momento em que se atravessa um tempo cheio de desmandos, mutretas e outras sem-vergonhices. Evohé Momo! Primeiro e único.
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