Não existem crianças e adolescentes que não sonhem em ver uma nevasca em sua cidade. Até nem precisa ser uma nevasca, já se contentariam com uma nevinha daquelas com poucos minutos de flocos branqueando os gramados.
Depois da neve de 1975, Curitiba, a cada inverno, espera a repetição do fenômeno. Neste ano, por exemplo, as probabilidades indicavam que teríamos neve na terça-feira, dia 23, conforme anúncios feitos pelos serviços de controle do tempo. Errar não erraram, em alguns lugares houve uma pequena ameaça de precipitação de flocos; entretanto, o que mais desceu foram as gotículas congeladas de chuva, em formato de pequenos grãos de arroz.
A maior nevada em Curitiba de que se tem conhecimento aconteceu durante a noite de 31 de julho de 1928. A neve começou a se precipitar às 8 horas da noite e assim foi sem parar até o amanhecer do dia 1.º de agosto, quando a cobertura chegou a ter 50 centímetros de altura, principalmente nos campos do norte da cidade, como Bacacheri, Colônia Argelina e adjacências. No Centro, a cidade ficou branca de neve embaixo de bruma.
No dia 17 de julho de 1975, a neve principiou a cair pouco antes das 5 da madrugada; sendo o bastante para deixar a grama coberta. A população se agitou, estava nevando em Curitiba e, desta vez, sem aviso. A correria foi geral, os telefones não paravam de tocar, todo mundo exultava: Neve! Está caindo neve! Está nevando! O humor do curitibano se mostrava em largos sorrisos, estavam todos exultantes. Mais ficaram quando, logo após as 10h30 da manhã, despencou uma bela nevada de meia hora. A neve de 1975 esquentou a tão decantada frieza do povo de Curitiba.
Agora, esta neve prometida do último dia 23 deixou muita gente frustrada. Principalmente as crianças, que não têm concepção da meteorologia e ficaram a esperar os flocos caindo do céu. A Gabriella, minha neta de 8 anos, estava inconformada ao ver o noticiário na televisão informando que em certos lugares da cidade tinha nevado, mesmo que parcamente. Para ela era inadmissível que a neve só tenha dado as caras em certos lugares, menos onde ela mora.
Que a neve é bonita não há dúvidas; mas com ela vem um frio quase sempre de rachar. De minha parte, fico esperando agosto quando em seus meados os ipês começam a florescer anunciando a proximidade da mais bela estação do ano: a primavera.
Aos leitores, oferecemos algumas imagens da nevada de 1975 e uma de 1928.