Na atualidade quem passa pela Avenida República Argentina, em direção ao Portão, jamais imagina como era aquela importante via até o inicio de 1952. A condução mais importante e única para quem tinha que se dirigir para aquelas bandas era a dos bondes, que ligavam o então arrabalde do Portão ao centro da cidade, desde 1913. O leito da rua era coberto de saibro que durante as chuvas virava em tenebroso lamaçal, já no tempo de sêca a poeira cobria tudo, casas e vegetações ficavam todas da mesma cor ocre.
Quando a 2ª Guerra terminou o Brasil tinha a necessidade de abrir estradas de rodagem, por exemplo: para alguém viajar do Rio de Janeiro para Porto Alegre existiam dois transportes, o marítimo e o ferroviário além de um insípido sistema de aviação civil. Foi quando se resolveu abrir um caminho de rodagem que foi batizada de Estrada Estratégica, a qual presencie a colocação dos piquetes na descampada Fazenda Rio Grande onde, na infância, passava minhas férias escolares.
Com a estrada funcionando a ligação com o sul do Paraná se desenvolveu rapidamente, ainda que muito transporte fosse feito pelas carroças das colônias das cercanias que passaram a transpor o Rio Iguaçu pela ponte construída no quilometro dezoito da referida Estratégica. A entrada para a capital era pelo Portão, com as carroças plasmando o saibro em lama, ou levantando nuvens de pó quando o mesmo secava.
Houve um tempo quando o curitibano morador dos bairros mais centrais queria ir até o Portão, e vice-versa para os moradores de lá, a condução usada era o trem, que partia da Estação da Praça Eufrásio Correia e chegava a Estação do Portão. Tal tipo de transporte também era de utilidade para as serrarias que funcionavam naquele arrabalde, incluindo ai a erva mate beneficiada no engenho Leão Junior, esse movimento começou a cair após a inauguração dos bondes, em 1913.
Em 1952 o movimento de automóveis e caminhões pela poeirenta Avenida República Argentina requereu uma providencia urgente do então prefeito recém-eleito, o major Ney Braga. Foi a sua primeira grande obra em Curitiba, asfaltar aquela via desde a Avenida Iguaçu, na Agua Verde, até o Capão Raso, antes do final daquele ano a República Argentina já possuía cobertura asfáltica até os trilhos da estrada de Ferro.
Portão, o bairro cidade, cresceu em todos os sentidos, principalmente na parte imobiliária. Os espaços foram sendo ocupados, onde existiam grandes indústrias como o Curtume Hatschbach hoje em seu lugar vários edifícios residenciais, a maior serraria que ali existiu, as Indústrias J. Bettega deu lugar a um mega centro comercial, o Shopping Palladium.
Ao terminar este enfoque do antigo Bairro do Portão colocamos uma serie de fotos do tempo em que a Avenida República Argentina foi asfaltada e mais uma do desfile de uma falange de membros do Partido Integralista feita no ano de 1934, provando que já naquele tempo os moradores da região estavam convictos com suas ideias politicas.
NR: - Comunico aos leitores apreciadores desta página que a Gazeta do Povo estará promovendo uma exposição de fotos usadas na Nostalgia nos últimos vinte e cinco anos. A mostra terá inicio no próximo dia 2 de outubro e permanecerá até o dia 25 do mesmo, nas dependências do Shopping Palladium.
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