"Trabalhadores do Brasil." Era a frase-chavão com que Getúlio Vargas principiava seus discursos, dando ênfase nas silabas finais. A ovação popular que se seguia a tal abertura era impressionante. Pai da pátria. Pai dos pobres. Era amado pelos trabalhadores, odiado pelos patrões. O operariado deveu-lhe a criação das leis trabalhistas, geralmente anunciadas durante os festejos do dia 1.º de Maio. A criação do salário mínimo e seus posteriores reajustes foram feitos em pronunciamentos no Dia do Trabalho.
Jornada de trabalho de oito horas antes o operário era obrigado a trabalhar 13 horas por dia. Direito a férias, coisa que não existia. Aposentadoria por tempo de serviço, assistência social essa última era proporcionada pelas sociedades operárias de auxílio mútuo, criadas para a segurança dos seus filiados.
O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, durante um congresso socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem aos operários vitimados na greve geral ocorrida no dia 1.º de maio de 1886, na cidade de Chicago. No Brasil, quem criou o feriado de 1.º de Maio como o Dia dos Trabalhadores foi o presidente Artur Bernardes, em 1925.
Em Curitiba, o operariado era movimentado esparsamente. Trabalhadores na indústria da erva-mate, sapateiros e carroceiros se manifestaram por algumas vezes. Uma das maiores concentrações aconteceu no dia 1.º de Maio de 1909, quando José Lopes Netto orador da Federação Operária do Paraná levou, ao terminar seu comício, a multidão a cantar o hino "1.º de Maio", de autoria do anarquista italiano Pietro Gori.
Qualquer movimento reivindicatório de parte dos trabalhadores era tachado pelos patrões como subversão anarquista e, mais tarde, como agitação comunista. Pessoas que percebiam a vida operária oprimida, num regime quase escravagista, levantaram suas vozes em favor do proletariado. Elbe Pospissil, jornalista, foi um batalhador em prol dos melhoramentos da vida operária. Em 1919 articulou a greve dos ferroviários, que cobrou um aumento salarial de 20% e jornada de oito horas de trabalho (muito antes de a lei getulista acontecer), saindo vencedor. A partir daí, sua participação na União Operária do Paraná o projetou na carreira política.
A professora Julia Wanderley escreveu no jornal Operário Livre, tanto sobre educação como artigos alusivos a problemas sociais. Assim como Pospissil, a mestra poderia ficar enquadrada pelos senhores de direita da época como anarquista.