Uma conversa de jovens chamou-me a atenção na semana que passou no interior do Bar do Carioca. Nada sobre o comum que se aventa em papo de bar, como futebol ou momento político. O assunto era o passado: cada um dos presentes à mesa tratava de lembrar o mundo que conheceu após sua inclusão no mesmo. Você lembra disto, ou daquilo? Toda confabulação estava sendo trocada entre moços, cujo mais velho não teria mais de trinta anos.
Como acontece em tais ocasiões, algum velho enxerido acaba entrando na conversa sem ser convidado. Esse velho acabou sendo o macróbio aqui, mas só que a convite. Sinceramente não é muito do meu gosto ser interpelado como se vivesse no passado. Mas como a tertúlia estava em nível aceitável e demonstrava real interesse por saber como era a vida de outros tempos, do meu mais precisamente, topei.
E daí, velho? Como eram as drogas do teu tempo? Ah! As drogas. Elas sempre existiram. As bebidas alcoólicas, no top do consumo, existiam e existem para todo mundo. O rico continua ingerindo as mais caras, o pobre fica na aguardente, ambos, com seus consumos, destroem a saúde, a convivência social e a família.
Não é disso que estamos falando, cocaína, maconha, pico e tudo mais que está por aí como é que era? Como é que era? Era assim: A cocaína existia por aqui já na década de 1920, seu uso era deveras restrito por ser pouco conhecida, um ou outro artista assim como alguma prostituta fazia seu uso. Foi na década de 1950 que ela se expandiu, principalmente na região do norte do Paraná. Foi na ocasião em que táxis aéreos a traziam da Bolívia nos finais de semana para alguns fregueses especiais, como os conhecidos vendedores de papéis pintados como eram conhecidos os picaretas que comerciavam ações fajutas.
A maconha era conhecida pelos marginais desde a década de 1930. A curiosidade está ligada a planta que era, e é, conhecida como cânhamo. A malandragem daquele tempo tinha sua gíria própria, sendo um dos costumes inverterem as palavras para confundir quem não fosse iniciado, portanto cânhamo virou maconha. A enleação perdurou por muito tempo, ainda na década de 1970 as sementes de cânhamo eram vendidas livremente nos aviários de Curitiba como receita para abrir o canto dos curiós.
A conversa se alongou madrugada a dentro. Um dos jovens lembrou que ouvira de alguém religioso que após a morte o espírito poderia se transportar instantaneamente para onde quisesse. Tais viagens já são realidade, fisicamente, através da Internet, falamos e transportamos a nossa imagem para qualquer lugar do mundo em questão de segundos.
E o agito do teu tempo, como era? Meu tempo! Ah! Meu tempo. Os jovens, principalmente os estudantes, se movimentavam por coisas circunspectas, como ensino gratuito ou então problemas chegados a serviços públicos, como luz, água, transporte coletivo e também o custo de vida. Eram agitações pacíficas, mas contundentes. Um dos exemplos que ficaram para a história de Curitiba foram os famosos desfiles dos calouros da, então, nossa única Universidade. Hoje, com a apologia as drogas, como a Marcha da Maconha, a pergunta fica no ar: o passado fez a história que todos conhecem, o presente está vivendo ainda sob alguns dos seus conceitos morais, entretanto o futuro é incerto, balançando entre novos julgamentos e a libertinagem ampla. Quem viver verá!
Para ilustrar esta página estamos usando um apelo físico com transportes que existiram em tempos passados. Tentando de certa forma conceituar, com os mesmos, os costumes da vida da era presente, sem deixar de imaginar como poderá ser o futuro de nossos porvindouros.