Armazém Zacarias na esquina da Rua Dr. Murici, na época em que foi demolido para dar lugar ao prédio que abrigou o Cine Luz. Foto de 1938| Foto: Acervo Cid Destefani
Em agosto de 1912, estavam sendo colocados os trilhos para a instalação dos bondes elétricos. Ao fundo, a Rua Marechal Deodoro
Ponto inicial dos bondes com destino aos bairros do Batel e Seminário, em 1948
Obras nos trilhos dos bondes que circulariam para o Batel e o Seminário pela Rua Emiliano Perneta. Foto de 1939
Monumento de Zacarias de Goes e Vasconcelos no centro da praça, em 1925
O chafariz de Antonio Rebouças em foto de 1970, colocado no lugar que funcionou por mais de 40 anos. A cúpula de cobre foi roubada em 1972
Muro na esquina da Rua Desembargador Westphalen, onde funcionou a Sociedade Dante Alighieri. Foto de 5 de janeiro de 1945
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Curitiba já foi chamada de cidade sem portas. Entretanto, quem realmente não tem portas e tampouco janelas são as histórias que são inseridas sobre ambientes da urbe curitibana. Dando uma pequena navegada na internet, podemos constatar uma coisa que a sabedoria popular taxava nos noticiários impressos: "O papel aceita tudo!". Comentário jocoso sobre a veracidade das notícias dos jornais. De repente quem está assumindo tal rótulo é a mídia da computação, onde cada um coloca o que bem entende e é quando a história vira lenda ao sabor de cada opinião.

O desconhecimento da geografia da cidade, além da própria história, é uma constante em muitos blogs. Recentemente, uma dessas inserções comentava o acidente de um motoqueiro que foi jogado dentro de um rio afirmando ser no Rio Ivo, na Rua Fernando Moreira. O Rio do Ivo é canalizado desde a sua nascente no bairro do Batel e segue para o centro da cidade pelas ruas D. Pedro II e Avenida Vicente Machado. Já o rio da Rua Fernando Moreira, popularmente nominada de rua do rio, nasce no bairro do Bigorrilho e possui o seu nome: Rio Bigorrilho.

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Assim, vai a cidade sendo cantada e decantada ao bel-prazer de cada blogueiro, com prejuízo para quem confia na veracidade do que se lhe é apresentado, principalmente a juventude estudantil que faz suas pesquisas acreditando nas "verdades" implantadas na internet.

Quem passa pela Praça Zacarias não tem ideia de muita coisa que é guardada e pouco divulgada na história de Curitiba. Por exemplo: o monumento com o busto de Zacarias de Goes e Vasconcelos, inaugurado em 19 de dezembro de 1915, tem em seu pedestal o primeiro bloco de mármore cortado no Paraná, em 1886 – sendo a sua base feita de granito oriundo da Serra do Mar – e, por sua vez, o semblante do ilustre conselheiro não condiz nada com sua fotografia.

Outra peça histórica, danificada por sinal, é a do chafariz instalado naquele local, em 1871, pelo engenheiro Antonio Rebouças. Foi a primeira água encanada da cidade, vinda de uma fonte que ficava na atual Praça Rui Barbosa e que serviu o centro da cidade até os primeiros anos do século passado. Por muitos anos, esse chafariz esteve instalado no pátio do Museu Paranaense, quando funcionava na Rua Buenos Aires.

A Praça Zacarias, que já foi nominada Largo da Ponte, em razão do pontilhão que existia sobre o Rio do Ivo, e também, mais tarde, como Largo Chafariz, tem muita coisa que para o cidadão comum ainda é mistério. Um deles é o porquê da denominação do rio que ali atravessa o seu subsolo. A denominação correta é: Rio do Ivo, em razão do mesmo transpor o quintal de um morador chamado Ivo, isso há mais de duzentos anos.

A nossa Praça Zacarias merece pesquisa mais profunda sobre as coisas que ali existiram, assim como a preservação do que sobrou, apesar dos maus-tratos recebidos. Vamos ilustrar a Nostalgia deste domingo com antigas imagens daquele logradouro:

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