Ele é cinco centímetros mais alto que Nelson Ned. Tem 1,17cm de altura. Também é das artes, mas cênicas. É ator e humorista e de dia dá expediente na prefeitura de Curitiba, onde é analista de mídias sociais. O curitibano Claudio Castro, ou Claudinho Castro Ahnão (seu nome artístico), 38 anos, é solteiro, "mas apaixonado por uma mulher de olhos azuis". Mora com os pais, adotivos, tem cinco irmãos um deles biológico, de estatura normal. Já foi mascote do Fluminense e a criançada o chama de "criança de barba" quando o vê. Eis a prova de seu constante bom humor, atestado pelos colegas de palco e de prefeitura: "Todos os meus primos, quando chegavam aos 18 ou 20 anos, ficavam carecas. Eu sou o único que continua a ter cabelo. Quando encontro meus primos eles falam: você é adotado? E eu digo: Só porque sou anão? E eles: Não, você não é careca (risos)".
A morte do cantor Nelson Ned trouxe à tona a realidade dos anões e a coluna conversou com o extrovertido e irrequieto Claudinho.
Como foi sua infância? Sofria bullying na escola? E hoje?
Minha infância foi mágica, meus pais biológicos amavam a ideia de eu ser anão e sempre pediam para eu mostrar uma imitação ou uma música para as visitas. Quando fui fazer a 5ª série, na primeira semana o colégio inteiro andava atrás de mim. Depois, era o colégio inteiro correndo de mim. Eu era o capeta. Hoje, depende. Estou ficando velho. Se acordo de mau humor, não levo desaforo pra casa. Se estou bem tranquilo até entro na brincadeira e deixo o cara sem saída.
Quais as maiores dificuldades que um anão enfrenta no mundo de hoje?
Eu não vejo nenhuma dificuldade e sim encontro oportunidade de fazer amizades. Exemplo: no mercado quero aquela lata de ervilha que esta lá no alto. Por que não pedir para a loira de 1,90 que está ali do lado?
É verdade que recebeu convite para fazer filme pornô?
Sim, mas não aceitei porque o título era "Ele dançou no quadrado e agora vai fazer o seu redondo".
Nelson Ned dizia que não era fácil ser cantor brega e anão. O que você acha dessa declaração?
Eu acho que ele devia ter alguma situação específica, pois eu não vejo problema algum. Eu mostrei ao mundo que eu sou um ator que por acaso é anão e nunca fui um anão ator. Sempre exigi profissionalismo quando contratado.
Você curtia a música do Nelson Ned ou para você ele também não passava de um cantor brega?
Para te falar a verdade, eu só ouvi uma música dele. Como não sou ligado muito em música (sou muito desafinado), ele nunca foi uma referência. Minha mãe falava para eu não ser igual a ele depois que surgiu a notícia de que ele brigava com a esposa e consumia drogas.
Qual a maior loucura que você considera já ter feito na vida?
Ainda não fiz, mas boa ideia. Vou começar a pensar em uma (risos).
Qual seu maior sonho ou desejo?
Que um dia a Globo faça um personagem anão em uma novela e que esse anão represente o que é o nosso dia a dia. E que não seja só mais um anãozinho engraçado fazendo palhaçada. Assim como o Peter Dinklage está fazendo no cinema e na série Game Of Thrones. Esse é meu ídolo anão.
Tudo passará, como cantava o Nelson Ned?
Tudo passa, tudo passará. Eu não vou morrer e muitas vidas verei passar.