A intenção de fazer uma rodovia ligando Antonina à BR-277 ressurge duas décadas depois da primeira proposta, alavancada agora pela possibilidade de aplicar uma técnica construtiva de menor impacto ambiental. A possibilidade de construir um trecho de 10,3 quilômetros da PR-340 foi discutida em audiência pública no mês passado em Antonina e foi debatida nesta quarta (6), no Teatro Municipal, em Morretes.
INFOGRÁFICO: Estrutura prevista para a rodovia
A rodovia foi imaginada como uma alternativa para que a população de Antonina não precisasse passar por Morretes para chegar à BR-277. Também serviria de rota para os caminhões que descarregam no porto de Antonina e hoje precisam usar a estrada sinuosa que liga as duas cidades. Além de ser uma obra cara, orçada em mais de R$ 170 milhões, outro ponto que aposentou o projeto por tantos anos foi o fato de que a obra cortaria uma área conservada de Mata Atlântica.
O coordenador técnico do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), Glauco Tavares Luiz Lobo, conta que o trecho foi projetado como forma de transferir o tráfego pesado que passa pelas duas cidades e que hoje estaria em 400 caminhões por dia – com a perspectiva de aumentar a partir de propostas de ampliação da atividade portuária. Além disso, argumenta ele, seria uma forma de preservar o patrimônio histórico dos dois municípios litorâneas, que estaria sendo abalado pelo trânsito constante.
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O estudo de impacto ambiental considerou oito alternativas de traçado, a maior parte passando por sobre o Rio Nhundiaquara, num trecho bastante largo. Para construir a ponte, a proposta é usar a tecnologia Cantitraveller, já aplicada no Rodoanel em São Paulo. Com essa técnica, uma espécie de guindaste finca “estacas” que servem de colunas para a estrutura (veja infográfico). A tecnologia teria menor impacto ambiental tanto nas margens quanto no rio. A proposta ainda prevê três viadutos, sendo um de 300 metros.
O projeto prevê ciclovia em todo o trecho, considerando que a bicicleta é um modal de transporte bastante usado pela população do Litoral. Lobo afirma que o principal traçado proposto para a estrada passaria por uma área rural, com um areial desativado e pastagens. Contudo, há também áreas de mata nativa que seriam impactadas – a estimativa é de que no mínimo 14 hectares seriam afetados.
Depois das audiências públicas nas duas cidades, o DER-PR pretende entrar com o pedido de licenciamento da obra no Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O projeto levaria ainda mais um ano para ficar pronto, com expectativa de fazer a licitação para a escolha da empresa em 2018. Os recursos para a execução ainda não estariam garantidos, mas a previsão é de que venham de um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), juntamente com um pacote de outras obras programadas pelo governo estadual.
Ações judiciais impediram obra em Antonina
- Katia Brembatti
O projeto de fazer uma rodovia ligando Antonina à BR-277, sem passar por Morretes, foi idealizado em 1995. O Ministério Público levou o caso à Justiça, alegando que o impacto ambiental seria muito expressivo. A Justiça decidiu que o argumento estava correto e proibiu a obra.
Uma outra opção seria o uso do ramal férreo para o transporte de cargas para o porto. Por determinação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a empresa responsável pela operação ferroviária recuperou o trecho entre Antonina e Morretes, inclusive o ramal de Itapema, sendo considerado de baixo fluxo. Contudo, a ligação até o porto é particular e não e não está sob concessão da empresa.
Apesar de os traçados propostos serem semelhantes ao anterior e de o tráfego de veículos na região não ter tido uma variação muito considerável, o principal argumento do governo estadual para a realização da obra agora é a evolução da tecnologia construtiva, que permitiria menor impacto ambiental.
Além disso, a melhoria da infraestrutura, alega o governo, seria essencial para o projeto de expansão do Porto de Antonina. O Ministério Público está acompanhando as audiências públicas com a população local.
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