Houvesse um referendo, provavelmente os pequenos exércitos de resistentes nas mais de 20 sociedades beneficentes espalhadas pela cidade diriam que o mais difícil é vencer os tempos modernos. Em miúdos – tem diversão de sobra por aí e essa história de vizinhança, às vezes, soa para muita gente como uma conversa meio amarelada pelo tempo.

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Na Sociedade Bacacheri, por exemplo, tem baile da terceira idade. Futebol de salão é norma da casa na antiga Sociedade Mercês (hoje Clube Mercês), instalada em Santa Felicidade, praticamente o bairro rival, depois que a sede da Manoel Ribas virou Banco do Brasil.

Na maior parte das agremiações, o quadro é quase sempre o mesmo: poucos sócios, raros pagantes de mensalidade, dinheiro pingadinho com aluguel de festas de casamento e ausência de gente na faixa dos 20-30 anos interessada em mandar ver no jogo de bocha. De acordo com Abílio Zanon, o Nelson; Altevir Burbello, o Cafu; e Vílson Burbello, o faz-tudo, da fiel da Recrativa Umbará, a rapaziada não sabe o que está perdendo.

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Para pesquisadores, esses espaços são as meninas dos olhos. A historiadora Maria Luiza Baracho, da Casa da Memória, tem planos de estudar as sociedades. O estado falimentar de muitas delas preocupa, pois documentos importantes devem estar se perdendo nos arquivos literalmente mortos. Estivesse no Recreativa Umbará, semana passada, veria a ata de fundação, de 1956, além de fotos que documentam a mudança da região – hoje encravada entre ocupações, como a Dom Bosco., Palmeira ou Santa Rita.

A advogada Melissa Folmann, presidente do Conselho de Direito Previdenciário da OAB e professora da PUCPR, também se alista entre as interessadas no assunto. Por razões de ofício, ela conhece a passagem dessas sociedades rumo ao anonimato. Com o INPS, as associações que cuidavam de auxílio no enterro, saúde e desemprego dos operários acabaram miguando, levando junto uma forma interessante de contribuição. "Não existe um diagnóstico sobre qual era o tamanho das sociedades previdenciárias e sociais no Brasil. Sabe-se que o fim do sistema foi traumático para muitas pessoas, pois deixaram de ter um benefício", lembra, sobre uma outra história. (JCF)