O comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar do Rio de Janeiro (Ilha do Governador, na zona norte), coronel Dayzer Corpas Maciel, e o chefe da Segunda Seção (P-2) do batalhão, 1° tenente Vítor Mendes da Encarnação, foram presos na manhã desta quinta-feira, 9, acusados de comandar o sequestro de dois traficantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP).
Além deles, outros 14 policiais foram detidos e foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão. De acordo com as investigações da Secretaria de Segurança (Seseg) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), os policiais exigiram R$ 300 mil para resgate dos chefes do tráfico dos morros do Dendê, na Ilha, e da Coreia, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Os crimes (extorsão mediante sequestro e roubo) aconteceram no dia 16 de março e foram flagrados por câmeras de segurança da Base Aérea do Galeão e das viaturas. Nesta semana, o então tenente-coronel Corpas foi promovido a coronel e assumiu o Comando de Policiamento Especializado (CPE).
"Investigamos além das ruas, combatendo a criminalidade na base e chegando onde tem que chegar aos (postos) mais altos", disse o promotor Paulo Roberto Melo, do MPRJ.
Na casa do coronel Corpas, foram encontrados R$ 14 mil em notas de baixo valor. Os policiais encontraram também notas fiscais de uma loja de materiais de construção sediada na Ilha do Governador que está registrada no nome da mulher e dos cunhados do comandante do 17º BPM.
Em alguns cupons estava escrito "17º BPM" e "majorar nota fiscal", que seria o equivalente a superfaturar os notas. A partir desses documentos será aberta nova investigação e o comandante poderá responder por improbidade administrativa.
Comando
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que não haverá mudanças no Comando Geral da Polícia Militar, chefiado pelo coronel Luís Castro Menezes.
"As investigações não chegaram ao comandante", garantiu o secretário, em referência também à Operação Amigos S/A, que prendeu 26 policiais militares que atuaram no 14º BPM (Bangu), entre eles o coronel Alexandre Fontenelle, detido quando estava no Comando de Operações Especiais (COE), que abriga o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Não há relação entre as duas operações. Ele acrescentou que "de maneira nenhuma iria intervir em movimentação de policiais, seja lá quem for, considerando que as pessoas estão sendo investigadas".
"Vamos seguir nesse trabalho (de investigação em parceria com o MPRJ). Se as polícias fizessem elas mesmas esse trabalho, seria muito melhor. Não estamos aqui para passar a mão na cabeça de ninguém, mas também não vamos cometer nenhuma injustiça e nem antecipar qualquer tipo de juízo."
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