Após ter duvidado da linha de investigação da polícia no caso da família de PMs mortos, o comandante do 18º Batalhão da PM, Wagner Dimas, foi ouvido pela Corregedoria da PM e negou que uma das vítimas - a cabo Andreia Pesseghini, de 36 anos -, tenha feito denúncias contra colegas da corporação antes de ser morta.

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Na quarta-feira (7), em entrevista à rádio Bandeirantes, Dimas disse que a cabo havia denunciado policiais por envolvimento com roubo a caixas eletrônicos. Ele afirmou também que não estava "confiante" de que o filho de Andreia, Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos, tinha matado toda a família e depois se suicidado.

Em entrevista à rádio, o coronel disse que não descartava a possibilidade de as mortes terem relação com as denúncias e que foi aberta uma investigação para apurar o caso, mas que não chegou a nenhuma conclusão. Na entrevista, ele disse ainda que alguns policiais foram transferidos para o setor administrativo.

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A declaração de Dimas gerou uma crise dentro da Secretaria de Estado da Segurança Pública já que a investigação do DHPP (departamento de homicídios) aponta o adolescente como o único suspeito de ter cometido o crime.

Após a grande repercussão com a declaração do comandante, ele negou que tenha feito qualquer tipo de investigação contra policiais no batalhão e que, por esse motivo, ninguém foi transferido. O depoimento dele à Corregedoria foi divulgado pelo SPTV, da Rede Globo.No seu depoimento, segundo a reportagem, ele afirmou que "se perdeu em suas argumentações para o repórter" da rádio.

Em nota divulgada na quarta, o Comando da Policia Militar disse que "não houve qualquer denúncia registrada na Corregedoria da PM, ou no Batalhão, por meio da Cabo Andréia Pesseghini contra policiais militares. Foram consultados arquivos da Corregedoria, do Centro de Inteligência e do próprio Batalhão e nada foi identificado, portanto, será instaurado um procedimento para apurar as declarações".

O delegado do caso, Itagiba Franco, diz que ouvirá o comandante do 18º batalhão, onde Andreia trabalhava.

O crime

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A polícia acredita que Marcelo matou os parentes na noite de domingo ou madrugada de segunda. Teria então dirigido até a escola, passado a madrugada no carro, frequentado as aulas de manhã, voltado de carona para casa e se matado.

A família foi achada em casa na terça-feira (6), todos com tiros na cabeça. Luis Marcelo Pesseghini, 40, era sargento da Rota. A mulher era cabo do 18º Batalhão. As outras vítimas moravam na casa nos fundos: a mãe dela, Benedita Bovo, 65, e a tia-avó Bernadete Silva, 55.

A versão de que Marcelo é o responsável pelo crime ganhou força após o melhor amigo dele afirmar à polícia que, em diversas ocasiões, ele havia lhe dito que planejava matar a família e fugir.

"Esse amigo nos disse: 'Ele sempre me chamou para fugir de casa para ser um matador de aluguel. Ele tinha o plano de matar os pais durante a noite, quando ninguém soubesse, e fugir com o carro dos pais e morar em um local abandonado'", afirmou o delegado Itagiba Franco.

Câmeras de um imóvel na rua do Stella Rodrigues, colégio particular na Freguesia do Ó, registraram o Classic cinza de Andreia sendo estacionado à 1h25. Às 6h23, sai dele um garoto, que vai até o colégio.

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Nas mãos do jovem a polícia não encontrou pólvora. No carro da família, no entanto, foi achado um par de luvas que será periciado na tentativa de encontrar algum vestígio.

Segundo a polícia, o fato de não haver vestígios do armamento não é incomum, pois a pistola.40 utilizada no crime costuma não deixar vestígios. Canhoto, Marcelo tinha na mão esquerda a pistola utilizada pela mãe.Marcelo tinha diabetes e fibrose cística, doença degenerativa sem cura que pode levar a infecções, problemas digestivos e morte na idade adulta -mas nenhuma alteração psiquiátrica. Ele já havia reclamado da doença a professores e colegas.

Matadores

O 18º batalhão é famoso no noticiário policial por conta dos escândalos envolvendo policiais. Em janeiro de 2008, o coronel José Hermínio Rodrigues, então comandante do policiamento da zona norte de São Paulo, foi morto a tiros quando passeava de bicicleta pela avenida Engenheiro Caetano Álvares.

Segundo investigação, policiais mataram o coronel pois ele havia transferido um PM do 18º batalhão da Força Tática (espécie de tropa de elite de cada batalhão da PM) para o setor administrativo do 43º. No início deste ano, o Tribunal de Justiça Militar de São Paulo absolveu os policiais.

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Em 2011, o DHPP concluiu que a morte do comerciante Alexandre Pereira da Silva, 30, foi cometida por integrantes de um grupo de extermínio formado por policiais militares e conhecido na zona norte de São Paulo como "Matadores do 18".

Segundo a investigação, Silva foi morto porque se recusou a pagar propina para que os PMs fizessem segurança de suas máquinas caça-niqueis.