Rio de Janeiro - A Polícia Militar divulgou que dois caminhões-baú, dez carros e sete motos apreendidos foram usados por criminosos do Comando Vermelho no comboio que invadiu, na noite de sexta, o Morro dos Macacos, dominado pela facção Amigos dos Amigos, na zona norte do Rio de Janeiro.
As investigações apontam que um bando de 150 homens se reuniu na favela Faz Quem Quer, em Rocha Miranda (zona norte), e percorreu, em grupos separados, vias expressas importantes da cidade, como as avenidas Brasil, Dom Helder Câmara e Martin Luther King. Por volta das 21 horas, parte do comboio chegou até o Morro do São João, no Engenho Novo, de onde partiram pela mata para o Morro dos Macacos. Outros carros invadiram a favela rival pelas ruas de acesso. A notícia contradiz o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame. Ele afirmou no domingo que a invasão "foi dissimulada, aos poucos".
Ontem, apesar do cerco da polícia, um corpo foi deixado dentro de um carrinho de supermercado, na Rua Luiz Lisboa, um dos acessos ao Morro dos Macacos. A ousadia deixou claro que os criminosos ainda dominam a favela. O homem, não identificado, é a 25.ª vítima do confronto. O cadáver apresentava marcas de tortura. A vítima estava sem o olho direito, tinha marcas de tiros e espancamento pelo corpo.
A polícia continuou o cerco a diversas favelas. No Complexo de Manguinhos, dois traficantes em fuga invadiram a Escola Municipal Professora Maria de Cerqueira e Silva. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, os pais dos 1.137 alunos não levaram os filhos para a escola. O Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação pediu a suspensão das aulas nas regiões de confronto. De acordo com a entidade, a secretaria insiste em manter as escolas abertas para "aparentar normalidade".
Protestos
Um macacão antichamas salvaria a vida do cabo do Grupamento Aéreo Marítimo (GAM) da PM Izo Gomes Patrício, 36 anos, enterrado ontem no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste do Rio, diante de 800 pessoas. A afirmação foi feita por vários colegas de farda da terceira vítima da queda do helicóptero abatido por traficantes. "Após a aeronave cair, Izo voltou duas vezes para resgatar os colegas. Na última, houve a explosão e o uniforme dele, sem nenhuma proteção, pegou fogo", disse um soldado do GAM.
De acordo com um oficial, no dia da tragédia, apenas o piloto e o copiloto usavam macacões cujo tecido resiste mais ao calor. "Pagamos R$ 1,5 mil do nosso bolso. Sabemos que há uma licitação do governo para a compra, mas até agora nada", lamentou. Os três irmãos do cabo, que também são PMs, evitaram críticas à corporação.