Comerciantes resistem a adaptações

No caso dos imóveis comerciais, a pesquisa do tenente-coronel Roberson Luiz Bondaruk revela não apenas falhas arquitetônicas, mas também uma certa relutância dos comerciantes em adotar medidas que colaborem na segurança. Segundo o oficial da Polícia Militar, alguns dos 100 estabelecimentos mais visados por ladrões em 2005 – alvos de 475 delitos, incluindo latrocínio (roubo seguido de morte) –, não modificaram o layout do local mesmo com a comprovação de que a arquitetura colaborava para a ação dos bandidos.

Apesar das modificações serem simples – como a retirada de mercadorias da frente do estabelecimento, o que desobstrui a visão dos pedestres, ou a instalação de prateleiras menores, que permitam a visão entre elas, evitando-se furtos –, muitos comerciantes ainda relutam. "Após ser alvo de um crime, o comerciante tem que não só mudar o layout como deixar claro para o criminoso que isso aconteceu. Senão, o acesso do criminoso será ainda mais fácil, porque ele já vai ter a experiência de assaltar o local", aponta Bondaruk.

O estabelecimento recordista de assaltos em 2005, um mercadinho no Cristo Rei, é um exemplo de como a disposição arquitetônica pode facilitar a ação dos bandidos. No local, cinco vezes assaltado no ano passado, além de mercadorias que obstruíam a vista das janelas, os caixas ficavam de costas para a porta. "O ladrão nem precisava entrar no local para ver se havia dinheiro no caixa. Dava para ver da calçada", recorda Bondaruk.

Para prevenir casos como esse e auxiliar na conscientização dos comerciantes, a Associação Comercial do Paraná (ACP) realiza do dia 21 a 23 de novembro o seminário "Segurança no Comércio", com a participação do tenente-coronel Bondaruk. No evento, será ministrada uma palestra sobre o tema, além de ser entregue uma cartilha orientando aos associados como se prevenir. "Prevenindo-se dessa forma, o comerciante reduz o risco de assaltos e, conseqüentemente, reduz também o estresse entre funcionários e clientes", aponta o vice-presidente para a Universidade Livre do Comércio da ACP, Jaime Sunye. (MXV)