O registro de um chip de celular foi essencial para a polícia chegar aos suspeitos do assassinato do ex-secretário da Fazenda de Maringá Luiz Antônio Paolicchi, encontrado morto na noite em 27 de outubro deste ano. Foi por meio dessa informação que os investigadores do caso descobriram que o companheiro de Paolicchi, Vagner Eizing Ferreira Pio, de 25 anos, teria planejado um sequestro para extorquir dinheiro dele. A decisão de matá-lo também teria vindo do companheiro, após a vítima descobrir que ele estaria envolvido no planejamento do sequestro.
Segundo o delegado da Polícia Civil de Maringá, Osnildo Lemes, Pio contou com a ajuda de três pessoas no plano - Arthur Vacelai Paulino, Eder Ribeiro da Costa e Vanessa Ferreira Eizing, estes dois últimos namorados e ela, irmã de Pio. A informação é de que Paulino e Costa sequestraram e mantiveram Paolicchi no cativeiro, cuja localidade ainda é desconhecida. Pio e Vanessa não apareceram, porque eram conhecidos da vítima. Em algum momento depois de ter sido sequestrado, o ex-secretário da Fazenda teria descoberto que o companheiro estava por trás de tudo e, então, foi assassinado.
Lemes comentou que um dos sequestradores colocou em algum momento o próprio chip no celular de Paolicchi. Ele não teria usado o aparelho, mas o celular registrou o número. Ao pedir a quebra do sigilo do celular da vítima, a polícia passou a rastrear o número do chip. Foi assim que os investigadores ouviram várias conversas entre Pio, Costa, Paulino e Vanessa, comentando sobre a repercussão do crime na imprensa.
A operação que culminou da prisão dos quatro acusados foi denominada de Nero, em referência ao imperador romano tido como homossexual, e deve ser encerrada até o final da manhã desta terça. Uma coletiva de imprensa está programada para 11h30.
Entenda o caso
Paolicchi foi encontrado morto com quatro tiros, disparados a curta distância, na noite de 27 de outubro, no distrito de Floriano. As balas atingiram a cabeça, o pescoço e o abdômen do ex-secretário. Nessa época, ele já havia registrado pelo menos três boletins de ocorrência para relatar ameaças feitas por credores.
Paolicchi não foi torturado
O Instituto Médico Legal (IML) de Maringá descartou a hipótese de que Paolicchi foi torturado antes de morrer. Segundo o médico legista responsável pela análise do corpo, Airton Severino Piazza, não havia sinais de violência, apenas tiros e a falta de alguns dentes.
"Os tiros arrancaram alguns dentes da vítima, o que provocou especulações porque algumas pessoas acharam que ele havia sido torturado e os dentes arrancados. Mas realmente foram as balas que arrancaram", disse Piazza.
Ex-secretário desviou mais de R$ 1 bilhão, em valores atualizados
O esquema de desvio de recursos públicos capitaneado pelo ex-secretário da Fazenda de Maringá Luiz Antônio Paolicchi em três gestões municipais foi avaliado em mais de R$ 1 bilhão em valores atualizados, segundo o Ministério Público (MP), na ocasião do crime. Este seria um dos maiores casos de corrupção registrados no Paraná.
De acordo com promotor José Aparecido da Cruz, que acompanha o caso no MP, a soma das ações ajuizadas entre 2000 a 2011 é de R$ 84 milhões, em valores não atualizados. Desse total, R$ 51 milhões são referentes a ações já julgadas. "Se for atualizado e adicionado às devidas multas, chegaria a R$ 800 milhões", conta Cruz.
Em outubro de 2011, ainda restavam duas ações para serem julgadas, uma de aproximadamente R$ 23 milhões e outra de R$ 9 milhões, em valores não atualizados. Somando essas quantias, o rombo atualizado passaria de R$ 1 bilhão.
Luiz Antonio Paollichi era o secretário da Fazenda durante a gestão do ex-prefeito de Maringá Jairo Gianoto, entre 1997 e 2000. Com o dinheiro desviado apenas nesta gestão, usando, por exemplo, cheques destinados a terceiros, os dois adotaram um estilo de vida luxuoso e de gastos extravagantes. Gianoto e Paolicchi compraram aviões, fazendas, colheitadeiras, insumos agrícolas e carros de luxo.
Mais informações em breve.
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