Na Associação Comunitária das Mulheres do Bairro Alto, na Rua Rio Amazonas, 391, cabe todo mundo. Caber, não cabe, mas Niuza de Jesus Oliveira Simei faz caber. Dona de um coração de mãe, a responsável pela iniciativa dá um jeito de acolher e atender a todos que batem à sua porta – cumprindo uma promessa, ela transformou a própria residência em sede da instituição.
Ali, 41 mulheres do bairro têm aulas de artesanato, arteterapia, fisioterapia e costura, recebem cestas básicas e produzem objetos de decoração, cuja venda ajuda a complementar suas rendas familiares. Além das associadas, quem precisa de apoio, seja alimento, roupa ou móvel usado, recorre à casa de Niuza e não fica desassistido.
Confira outras histórias no blog Caçadores de Notícias, da Tribuna do Paraná.
“As meninas trabalham aqui comigo, e tudo que chega de doação eu reparto com elas. Aqui elas recebem material para fazer os panos de prato bordados e as peças de decoração. Elas vendem e o dinheiro fica pra elas, o que já ajuda a comprar uma verdura, um litro de leite, um peito de frango”, conta Niuza, de 65 anos. Muito conhecida no bairro por causa da associação, ela é procurada por gente necessitada tanto das redondezas quanto da região metropolitana. “Muitas pessoas que vêm de fora, da Bahia, do Mato Grosso, de Minas Gerais, chegam aqui em Curitiba só com a mala e o dinheiro do aluguel, sem um cobertor, um panela pra fazer comida. Eu junto as minhas meninas e nós vamos atrás de tudo. Já são 11 mudanças inteiras que nós ajudamos a fazer só neste ano.”
De acordo com Niuza, os migrantes e imigrantes – ela já ajudou muitos haitianos – que pedem por sua intercessão só necessitam de um empurrãozinho para recomeçar a vida. “É tudo gente trabalhadora, não tem um preguiçoso. Eles só precisam de um apoio pra depois seguir com as próprias pernas. Depois que se estabilizam, eles voltam para agradecer ou trazer doações.” Também são beneficiadas 540 crianças do bairro. Três vezes por ano, na Páscoa, no Dia das Crianças e no Natal, elas ganham um evento com alimentação e distribuição de brinquedos.
Melhora de astral
Frequentar a associação, ajudar e ser ajudado transforma a vida das mulheres do Bairro Alto. Niuza conta que muitas chegaram lá doentes, desanimadas. Mas com o aprendizado das aulas e o convívio com as amigas, o astral foi se elevando. “Olha aquela lá, quando chegou aqui nem dava risada. Hoje está toda assanhada”, brinca a fundadora, apontando uma das associadas.
- Fé, fios e aulas de português: a inusitada história de um lar de gatos em Curitiba
- Após 63 anos juntos, casal morre com seis horas de diferença
- Aos 16 anos, paranaense cria cápsula para intolerantes à lactose e vai à feira do Google
- Do presídio para a sala de aula: ex-detento supera condenação e se forma em Direito
- Paranaenses são selecionados e participam de projeto da Nasa
Zélia Farias dos Santos, 56, é uma das frequentadoras mais antigas. “Estou aqui há 17 anos, e me fez bem durante todo esse tempo. A gente vem, conversa, toma chimarrão, conta história, faz artesanato. Não tem tempo de entrar em depressão”, diz ela, que atualmente trabalha como babá.
Custeio
A associação se mantém com a venda de estopa, fabricada pelas associadas, de material reciclável e com a renda de bazares realizados com as doações de roupas e calçados. “Mas quase não está tendo bazar mais, porque tudo que chega de doação vai pra quem está precisando”, diz Niuza. Além dos 100 voluntários, são poucos os colaboradores da instituição. A fundadora conta com um empresário, que assume os custos dos eventos infantis; um sargento, que oferece um almoço anual; uma igreja, que dá as cestas básicas mensais das associadas; a prefeitura, que disponibiliza instrutores de oficinas e material de artesanato; e uma academia do bairro, que ministra as aulas de fisioterapia.
Como a instituição funciona na casa de Niuza, falta espaço físico. Todas as atividades ocorrem em uma sala ampla, e a cada troca de aulas, as senhoras de 50 a 85 anos precisam mudar a disposição dos móveis e arrastar objetos pesados. “Não é o ideal. A gente precisava de umas quatro salas diferentes pra abrigar tudo. O que mais faz falta é estrutura física e máquinas de costura”, afirma.
Mesmo com as dificuldades, a fundadora, que se recupera de um câncer, descoberto há um ano, não deixa a peteca cair. “Achei que ia embora, mas fiquei. Os médicos até disseram que estou muito bem com o “Grandão” lá em cima. E o trabalho aqui não pode parar. O compromisso social não deixa.”
Para colaborar:
Associação Comunitária das Mulheres do Bairro Alto Rua Rio Amazonas, 391, Bairro Alto. Contatos: (41) 3053-5492 e ac.alto@hotmail.com. Há também uma página no Facebook.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião