O coronel da reserva da PM Walter Gomes Ferreira foi condenado, na madrugada desta segunda-feira (31), a 23 anos de prisão, no processo em que era acusado de mandar matar um juiz há 12 anos em Vila Velha (ES).
Ferreira pode recorrer da decisão em liberdade.
Já o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu - outro réu no processo -, foi absolvido de todas as acusações.
O magistrado Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado a tiros em março de 2003. O crime tem ainda um terceiro, o juiz Antônio Leopoldo Teixeira. Não há previsão de quando ele vai a júri. Todos negam as acusações.
O julgamento durou sete dias -começou às 9h da segunda (24). A sentença foi anunciada por volta das 0h30, pelo juiz Marcelo Soares Cunha.
O resultado do júri que decidiu pela condenação de Ferreira foi apertado, com quatro votos pela condenação e três pela absolvição.
Ao deixar o auditório da universidade em que foi realizado o julgamento, Ferreira voltou a negar o crime. “É um resultado triste para mim, porém eu saio de cabeça erguida porque, como eu sempre disse, eu não mandei matar o juiz Alexandre.”
Segundo ele, os autos provam que eu não mandei matar, mas o júri entendeu diferente. Nós vamos recorrer em Brasília e com certeza vamos ganhar”.
Na avaliação do militar, o histórico de outras acusações e a cobertura do caso na imprensa influenciaram a decisão dos jurados. “Eu sou o chefe do crime organizado, como eles dizem. Isso influencia a decisão.”
Já o ex-policial Cláudio Luiz Baptista comemorou o resultado. “Não é fácil reverter 12 anos em sete dias. Mas eu tinha certeza que conseguiríamos [a absolvição] porque eu não cometi esse crime.”
O Ministério Público Estadual ainda não confirmou se vai recorrer da absolvição de Cláudio Luiz Baptista.
O juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado em frente a uma academia de ginástica no bairro Itapoã, em Vila Velha, região metropolitana de Vitória. O magistrado atuava na missão especial de combate ao crime organizado no Espírito Santo e também na Vara de Execuções Penais.
Ele atuava no caso que envolveu a prisão e a transferência do coronel Ferreira para o presídio federal da Papudinha, no Acre, em novembro de 2002.
Castro também havia denunciado irregularidades do antecessor na Vara de Execuções Penais, o juiz Antônio Leopoldo Ferreira, que também é acusado de participar da conspiração para matar o magistrado e ainda aguarda julgamento.