O ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, coronel Jorge Luiz Thais Martins, foi até a Delegacia de Homicídios (DH), na Avenida Sete de Setembro, em Curitiba, para ser reconhecido por nove pessoas, entre testemunhas e sobreviventes de ataques supostamente cometidos pelo militar. O coronel chegou ao local por volta das 15h e foi colocado ao lado de outras cinco pessoas com características físicas semelhantes as do ex-comandante.
Ele deixou o local às 17h45. O coronel prometeu convocar uma entrevista coletiva em breve para esclarecer os fatos que estão sendo noticiados. Rapidamente, ele ainda comentou as suspeitas que envolvem seu nome. "Sou inocente e vai ser provado", diz.
Entre as nove pessoas que participaram do procedimento, sete fizeram reconhecimento visual e duas apenas da voz do coronel. Entre as que fizeram o reconhecimento visual, quatro são sobreviventes dos ataques.
O procedimento é considerado uma prova mais consistente que o reconhecimento fotográfico, modalidade em que quatro pessoas entre sobreviventes e testemunhas já apontaram o coronel Martins como autor dos crimes. O ex-comandante é acusado de ter matado nove pessoas e baleado outras cinco, entre agosto de 2010 e janeiro de 2011, no bairro Boqueirão, em Curitiba.
Como funciona
A realização do procedimento obedece ao que determina o artigo 226 do Código do Processo Penal. Inicialmente, a testemunha descreve o suspeito à autoridade policial. Em seguida, em uma sala, o coronel é colocado perfilado ao lado de outras pessoas que tenham características em comum. Em um anexo isolado, de onde não poderá ser vista, a testemunha apontará para o suspeito. Cada sobrevivente ou testemunha faz o reconhecimento de forma isolada, uma pessoa por vez, sem que um tenha contato com o outro, impedindo qualquer comunicação entre essas pessoas, segundo o delegado Cristiano Augusto Quintas dos Santos.
O delegado informou que vai aprofundar as investigações sobre a participação de uma segunda pessoa nos ataques e se policiais militares participaram dos crimes, ainda que indiretamente. No primeiro ataque ocorrido no dia 8 de agosto e no terceiro no dia 10 de novembro há relatos de que duas pessoas atiraram contra as vítimas.
Sobre a acusação do coronel de que os crimes teriam sido cometidos por um policial militar, que teria tido um parente assassinado a golpes de chave de fenda no mesmo bairro, Santos informou que em um levantamento prévio não encontrou nenhum registro de homicídio no Boqueirão, envolvendo familiares de PMs e ocorrido nas circunstâncias descritas.