Outras cinco cidades do interior do Paraná tiveram casos de adoções internacionais irregulares, informou o vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, deputado federal Fernando Francischini (PEN-PR), nesta quinta-feira (11). Além dos sete irmãos de São João do Triunfo, no Centro-Sul do estado, que foram adotados por uma família norte-americana por intermédio da ONG Limiar, outras crianças teriam passado por situação semelhante entre 1999 e 2012.
Os nomes das cidades ainda são mantidos em sigilo, para não atrapalhar as investigações, disse o deputado. "Estamos analisando os documentos, mas a suspeita é de vários casos em cada cidade", declarou. Além do Paraná, a CPI investiga adoções ilegais mediadas pela ONG suspeita em São Paulo e Pernambuco.
Documentos apreendidos pela Polícia Federal na casa do representante da ONG, Audelino de Souza, conhecido como Lino, e o depoimento do suspeito foram repassados para a CPI na tarde desta quinta-feira (11). Lino foi ouvido na quarta-feira (10) e alegou inocência, como contou o delegado da Polícia Federal, Renato Lima. "Ele disse que tudo o que fez foi de acordo com os trâmites legais e que o dinheiro recebido com as adoções vinha de doações, ou seja, que as pessoas não eram obrigadas a dar". Segundo Francischini, Audelino chegava a receber US$ 9 mil de famílias norte-americanas em troca das crianças.
O suspeito viajava para cidades do interior e procurava pelas crianças a serem adotadas, afirma o deputado. "Ele ia pessoalmente e perguntava onde tinha uma mãe solteira, onde tinha uma família com muitos filhos e assim conseguia essas crianças", declarou.
A ONG não tinha autorização para intermediar adoções de crianças brasileiras por pais norte-americanos desde 1999, quando o Brasil assinou a Convenção de Haia, que regulariza o processo. Os Estados Unidos assinaram o documento somente em 2008. De acordo com a CPI do Tráfico de Pessoas, no entanto, há indícios de que a ONG mediou adoções nesse período. Os irmãos de São João do Triunfo foram adotados em 2005.
Nos próximos dias, a CPI deve visitar a embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, para pedir cooperação do governo americano nas investigações. Membros da comissão também virão a Curitiba para debater o assunto em uma audiência pública, marcada para a próxima quinta-feira (18), na Assembleia Legislativa do Paraná.
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