O engenheiro Paulo Sérgio Cunha Brasil vai ser ouvido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ) sobre as obras que estavam sendo feitas no Edifício Liberdade, um dos três prédios que desabaram na Avenida Treze de Maio, no centro da capital fluminense, na quarta-feira (25). O engenheiro foi contratado pela empresa Tecnologia Organizacional (TO) para coordenar as obras promovidas pela TO no edifício. O depoimento no Crea-RJ está marcado para o dia 8 de fevereiro. O desabamento dos prédios causou a morte de 17 pessoas.
Para o presidente da Comissão de Prevenção e Acidentes do Crea-RJ, Luiz Antônio Cosenza, várias obras feitas no edifício podem ter causado o desabamento, mas que somente com o depoimento do engenheiro poderá prosseguir com as investigações. "Nós não estamos dizendo que essa obra específica causou o acidente. Pode ter sido um acúmulo de problemas, porque várias reformas podem ter sido feitas antes dessa e essa ter sido a gota dágua".
Cosenza disse que muitas pessoas têm procurado o conselho para pedir vistorias em edificações com suspeitas de irregularidades. Ele esclareceu que a função do órgão não é fiscalizar, mas verificar se há um responsável técnico pela obra e se o mesmo comete desvios éticos da profissão.
"A partir do momento que temos um profissional responsável pela obra, para nós acabou o problema. Ele vai se responsabilizar. Somente vamos intervir, a partir do momento em que um acidente acontecer. Nós vamos acionar a nossa Comissão Permanente de Prevenção e Acidentes para convocar o responsável", disse.
Ainda de acordo com o presidente da comissão, por causa do desabamento dos três prédios na Avenida Treze de Maio, o órgão já recebeu 170 denúncias de obras supostamente irregulares. "É a maior preocupação das pessoas. Cria-se um pânico, um medo. Então isso faz com que qualquer obra que tenha suspeita de irregularidades, as pessoas ficam com medo e nos fazem essas denúncias".
De acordo com o Crea-RJ, o balanço de 2011 registrou cerca de 25 mil visitas e constatadas 5 mil irregularidades. "A maior parte dessas irregularidades é de casos como exercício ilegal da profissão, onde a pessoa está fazendo a obra sem um profissional ou então de um profissional graduado, mas que não tem registro da obra aqui [no Crea-RJ]", disse Cosenza.
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