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Tragédias no ar

Crescem os acidentes na aviação civil brasileira

Acidente em julho de 2007, quando um avião da TAM derrapou na pista de Congonhas e atingiu um prédio da companhia | Mickei Roggers/Reuters
Acidente em julho de 2007, quando um avião da TAM derrapou na pista de Congonhas e atingiu um prédio da companhia (Foto: Mickei Roggers/Reuters)

São Paulo - O número de acidentes aéreos na aviação civil aumentou consideravelmente no Brasil nos últimos anos. De acordo com levantamento divulgado ontem pela Aeronáutica, no ano passado 97 aeronaves se envolveram em acidentes — 31 a mais que em 2006 —, matando 270 pessoas (contra 215 mortos em 2006).

Os dados apresentados fazem parte do relatório do Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (PPAA) e se referem aos acidentes aéreos ocorridos de 1998 a 2007. Nesse período, foram registrados, em todo o país, 654 acidentes aéreos que causaram a morte de 991 pessoas. Os anos com maior número de vítimas foram 2006 e 2007, com, respectivamente, 215 e 270 mortos.

A maioria dos acidentes (41,1%), porém, envolveu aeronaves da aviação geral (como jatos particulares e aeronaves executivas). "Os acidentes envolvendo aeronaves da aviação regular [aviões de companhias aéreas, mais utilizados] correspondem a apenas 4,3%", afirmou o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o brigadeiro Jorge Kersul Filho.

Dos 97 acidentes registrados em 2007, apenas dois envolveram aeronaves de companhias aéreas. "Não é um índice alarmante, mas é ainda uma infelicidade", afirma Kersul Filho.

Para o brigadeiro, o índice menor de ocorrências envolvendo aviões de companhias aéreas se deve a diversos fatores, como a boa infra-estrutura das empresas e a experiência dos comandantes das aeronaves. "Os pilotos da aviação regular geralmente são mais experientes que os da aviação geral", disse.

Nos últimos dez anos aconteceram apenas seis acidentes fatais envolvendo aviões de companhias aéreas. Mesmo assim, ocorrências envolvendo esse tipo de avião são as que mais matam. Segundo o relatório, nos últimos dez anos 398 pessoas morreram em acidentes na aviação regular (contra 300 da aviação geral).

São Paulo

O estado de São Paulo é onde há o maior registro de acidentes do país (129) nos últimos dez anos. Para critério de comparação, na região a soma dos acidentes ocorridos no período nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins chega a 99.

Segundo o chefe do Cenipa, isso se deve, em parte, ao grande movimento aéreo de São Paulo. "Acidentes estão relacionados à exposição ao risco", diz Kersul Filho. "Com mais aviões há mais movimento e mais exposição aos riscos."

Ele ressalta, porém, que o espaço aéreo paulista é seguro. "Nesses dez anos, registramos apenas quatro acidentes da aviação regular nesta região", afirma. Um desses acidentes aconteceu em julho de 2007, quando um avião da TAM saiu da pista e se chocou com um prédio, matando 199 pessoas — o maior acidente da história da aviação brasileira.

Helicópteros

A crescente frota de helicópteros no país preocupa a aeronáutica. Apesar de a frota deste tipo de veículo ser bem menor que a de aviões, helicópteros estiveram envolvidos em 19 (19,6%) dos 97 acidentes registrados no ano passado, matando 14 pessoas.

Os dados merecem uma maior atenção da cidade de São Paulo. Com cerca de 500 unidades (quase a metade da frota do país, que é de aproximadamente 1,1 mil), a cidade deve receber, até 2010, mais 80 helicópteros, segundo o Cenipa.

"O helicóptero é mais instável que o avião e se expõe mais", afirma Kersul Filho, ao ser indagado sobre as causas dos acidentes com esse veículo. Como medidas para diminuir esse número, o brigadeiro defende que os pilotos sejam "bem treinados" e pilotem "com atenção especial".

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