SÃO PAULO - O Centro de Comunicação da Aeronáutica reconheceu que houve erro do controlador de tráfego aéreo na aproximação entre um Boeing 737 da Gol e um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), no Acre. Segundo o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico (Cenipa), o controlador deixou que houvesse uma aproximação entre as aeronaves "maior do que a desejável".
Apesar de reconhecer o erro, Kersul afirma que em nenhum momento houve risco de colisão. Para ele, o piloto da FAB "pode ter se assustado" com a proximidade do Boeing.
"É normal", afirma. "Eu mesmo, em algumas situações, como para reabastecer em vôo, já me assustei. Ao aproximar do outro avião, você pensa que não vai dar."
A Aeronáutica afirma que, mesmo com a falha do controlador, o piloto da Gol manteve o procedimento de descida apesar do aviso de presença de outra aeronave indicada pelo sistema anticolisão de seu próprio avião. Para a Aeronáutica, a decisão do piloto mostra que não houve risco, já que o sistema eletrônico, o TCAS, não emitiu alerta para manobra evasiva, o que ocorreria se a aproximação fosse suficiente para as duas aeronaves baterem em pleno ar.
Segundo a nota, apenas três aeronaves estavam sendo monitoradas pelo serviço de controle do aeroporto de Rio Branco no momento do incidente.
Ontem, o brigadeiro Jorge Kersul Filho afirmou que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico (Cenipa) deve divulgar as causas da aproximação entre as duas aeronaves até o fim deste ano. Segundo ele, não havia excesso de tráfego aéreo que pudesse justificar o erro do controlador.
"Vamos apurar o que ocorreu para decidir o que fazer: se o controlador passará por um curso de reciclagem ou se será acompanhado de perto pelo supervisor. Ou ainda, se for um problema comum na região, todos podem passar por cursos", afirma Kersul Filho.
O brigadeiro afirmou que a comunicação da área é feita por rádio e adequada à demanda da região. Não há previsão para a instalação de radares.
"A infra-estrutura é adequada", garante o brigadeiro. "Se precisar aumentar, isso será feito. Mas um indivíduo pode falhar." Segundo Kersul Filho, o Brasil tem um "sistema invejável de controle aéreo, que pode servir de modelo para outros países".
Apesar de afirmar que o órgão precisa aumentar o número de controladores de vôo, o brigadeiro diz que não falta de pessoal na área de Rio Branco.
"Não temos margem, por exemplo, para deixar que um controlador saia para fazer um curso de aperfeiçoamento ou um estágio em um aeroporto no exterior", avalia. "Se estivéssemos com pressa aceleraríamos a entrada de controladores no mercado, mas a idéia não é essa. Queremos formar direito. Se fosse para formar de qualquer jeito já teríamos feito isso."
O Cenipa refutou qualquer semelhança com o acidente do vôo 1907, também da Gol, em 2006, quando 154 pessoas morreram. Para o Cenipa, o acidente de 2006 ocorreu com vôos em rota e o TCAS de uma das aeronaves estava desligado.