“Agora o pessoal me chama de Feijuca”, orgulha-se o microempreendedor Reginaldo Caetano de Moraes, 44 anos, um dos três finalistas da promoção “Faça-me um Sabor” da batata chips Ruffles. Desde setembro de 2016, o rosto de Reginaldo estampa a embalagem da Ruffles #Feijuuca, o que vem causando revolta nas mídias sociais. Internautas têm acusado a fabricante Pepsico de preconceito pelo fato de Reginaldo, que é negro, estampar a embalagem.
“Só fiquei sabendo dessa polêmica semana passada. Mas em nenhum momento me chateou. Afinal, quem escolheu a cor preta da embalagem fui eu”, afirma o finalista da promoção, que é morador de Quitandinha, na região metropolitana de Curitiba, onde trabalha com reciclagem de sucata. “Chateado mesmo eu fiquei por não ganhar os R$ 250 mil do prêmio principal”, brinca Reginaldo, que recebeu R$ 10 mil por chegar à final.
De tanta repercussão na internet, o caso foi denunciado ao Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Após a explicação da própria Pepsico de que a regra da promoção previa que a embalagem estampasse o rosto de quem sugeriu os sabores escolhidos, o processo foi arquivado em novembro. “Creio que está na hora de deixarmos os exageros de lado e praticarmos o bom senso na avaliação do comportamento que envolve preconceito”, escreveu em seu voto o conselheiro Antonio Jesus Cosenza, que foi acolhido por unanimidade na 7ª Câmara do Conar.
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Leia a matéria completaAlheio à polêmica, Reginaldo curte o momento de fama. Há poucos dias, foi reconhecido por uma mulher em uma loja de conveniência. “Fiquei bem feliz de ela me perguntar se eu era o Feijuca da batata”, diz. O filho do vizinho, de apenas dois anos, o vê e já pede o “salgadinho de feijuca”. Já entre os amigos, o apelido Negão começa a perder força para o de Feijuca.
A ideia do sabor feijoada veio da confraternização que Reginaldo faz ao menos uma vez por mês com os vizinhos e parentes em Quitandinha, onde mora há seis anos. “O pessoal das chácaras aqui perto matava muito porco, mas jogava fora o pé, a orelha e outras partes. Aí propus de a gente aproveitar e fazer feijoada”, explica o microempreendedor, que admite ter uma dúvida: não sabe bem ao certo se gosta mais de feijoada ou de promoções comerciais como a que participou da Ruffles. “Eu acho que gosto mais de feijoada. Mas admito que não fujo de uma promoção. O ideal seria uma promoção com feijoada”, ri.
Fanático por promoções
Há 25 anos, Reginaldo participa de todas as promoções que encontra no mercado. Ao ponto de, por mês, reservar de R$ 300 a R$ 500 do próprio orçamento para comprar produtos que ofereçam prêmios. “Meu sonho é conquistar um prêmio grande, tipo uma casa ou um carrão”, revela.
Só em 2016, Reginaldo acumulou oito prêmios de promoções: R$ 100 da Nestlé, um faqueiro da farinha Dona Benta, uma pulseira de prata da sardinha Coqueiro, R$ 1 mil da fabricante de alimentos Arcor, R$ 5 mil do cartão de crédito do supermercado Carrefour, R$ 700 de duas campanhas da Colgate, além dos R$ 10 mil da Ruffles. “Quem se dá bem nisso tudo são meus filhos, porque aqui em casa sempre tem bolacha, salgadinho, chocolate...”, brinca o microempreendedor, pai de dois filhos: Poliana, de 13 anos, e Reginaldo Filho, de 11.
No caso da batata frita, metade dos R$ 10 mil foi investida na própria promoção. O vencedor do prêmio final de R$ 250 mil seria o que obtivesse mais votos entre os três sabores vendidos entre setembro e novembro. Para votar, o público deveria comprar a batata de sua preferência e cadastrar a opção preferida no site, o que levou Reginaldo a gastar R$ 5 mil do prêmio para comprar mil pacotes da Ruffles Feijuuuca. “O trabalho de fazer todos esses cadastros não foi nada perto das 550 cartas que escrevi e mandei 16 anos atrás em uma promoção da Tang”, compara Reginaldo.
De tão fanático que é por promoções, Reginaldo criou a sua própria para alavancar a venda da Ruffles #Feijuuca e tentar conquistar os R$ 250 mil de prêmio. Sorteou no posto de gasolina perto de casa a mochila que ganhou da Ruffles para quem comprasse dois pacotes e votasse no seu sabor na internet. O problema é que o vencedor acabou gerando polêmica: o próprio Reginaldo foi o sorteado.
“Claro que eu ia participar da minha própria campanha. Mas o gerente do posto não deixou eu pegar a mochila porque ia dar muita reclamação dos clientes. Aí fizeram outro sorteio”, explica. “Meu lema é: se eu tenho que comprar comida, produto de limpeza, roupa, qualquer coisa, por que não comprar de uma marca que te dê prêmios?”, resume.
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