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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Na Itália, impor dieta vegana a crianças pode se tornar caso de polícia. Por lá, uma proposta do Partido Forza Itália prevê condenar pais que não dão alimentos de origem animal aos filhos. O texto do projeto de lei alega que o veganismo “é desprovido de elementos essenciais para a saúde e o crescimento equilibrado das crianças”. O tema divide os médicos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não recomenda dieta vegetariana e vegana para crianças e adolescente. A Associação Americana de Dietética – uma das autoridades mundiais em nutrição – , por sua vez, afirma que a introdução à dieta vegana e vegetariana pode ser feita em qualquer etapa da vida.

O único consenso nesse debate é de que, caso se opte pelo veganismos ou pela dieta vegetariana para as crianças, é preciso haver um acompanhamento com nutricionista para orientar sobre o preparo correto dos alimentos e a necessidade de suplementação.

“A partir dos seis meses é importante começar com a suplementação de ferro, que vai até os dois anos. Essa é uma recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria para todas as crianças. As veganas, especificamente, precisam também de suplementação da vitamina B 12”, diz a nutricionista Astrid Pfeiffer, que trabalha na clínica Gondek atendendo pais e bebês na idade da introdução alimentar – a partir dos seis meses.

Presidente do Departamento de Nutrologia Pediátrica da SBP, Virgínia Weffort ainda destaca que a dieta vegana pode causar deficiências para além das vitaminas e dos sais minerais o que torna ainda mais importante o acompanhamento médico. “Há uma baixa ingestão de gordura saturada e colesterol (importantes para mielinização dos neurônios nos primeiros anos de vida) e excesso de consumo de carboidratos e fibras, que diminuem a absorção do ferro, zinco e cálcio”, diz.

Os produtos de origem animal concentram os nutrientes. Esses estão presentes nos vegetais, porém, numa quantidade menor. Astrid salienta a importância do preparo de papinhas com leguminosas, vegetais que são fontes de proteínas e de ferro. “Muitas mães fazem aquela papinha com legumes e batata, mas faltam as leguminosas, como feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico”, esclarece.

Funções dos sais minerais e das vitaminas

B 12: fundamental para a formação neurológica.

Ferro: necessário para a formação da hemoglobina e a respiração celular.

Vitamina C: responsável pela absorção do ferro.

Cálcio: além da formação de dentes e ossos, também é necessário para realizar a conexão entre os neurônios.

Zinco: importante para a imunidade, além de auxiliar a formação de massa muscular e tecidos, como a pele. Mais para frente também é responsável pelos hormônios sexuais.

Outro ponto que é relevante é a amamentação. “Aconselho às mães de crianças veganas a prolongarem a amamentação até os dois anos, aliando com a alimentação. Elas também devem fazer exames para ver como estão seus níveis de vitamina e sais minerais. Isso influencia diretamente no nível nutricional do leite materno”, salienta a nutricionista Priscila Riciardi. Ela salienta também que a introdução de castanhas também é valorosa aos veganos. É recomendado oferecê-las a partir dos oito meses, dependendo de cada criança. “Um acompanhamento nutricional é imprescindível. Outra medida é deixar o cordão umbilical no bebê até cessar a punção, isso otimiza a absorção de ferro e reduz a possibilidade de anemia”, finaliza Priscila.

Astrid afirma que muitos pediatras ainda hoje se mostram contrários ao veganismo na infância. Recentemente, ela vem recebendo pais que foram orientados a procurarem um nutricionista ao explicarem que preferem que o filho siga esse estilo de vida.

É o caso da professora de educação infantil e ensino fundamental Thays Teixeira, e seu filho Joaquim, de quatro anos e meio. Ela afirma que o processo não foi difícil para o filho. “As pessoas perguntam se ele não passa vontade, mas a verdade é que ele entende a filosofia de ser vegano. Para nós, os animais são amigos e a gente não os come”, conta a professora. que oferece produtos similares ao filho quando aquele que ele quer não é vegan.

A Associação Americana de Dietética afirma que as dietas vegetarianas e veganas (vegetarianos por completo, como são chamados na declaração) estão associadas a “um menor risco de morte por doença isquêmica do coração. Os vegetarianos também parecem ter níveis mais baixos de colesterol, pressão arterial mais baixa e menores taxas de hipertensão e diabetes tipo 2 do que os não vegetarianos”. A Associação também afirma que os vegetarianos tendem a ter um índice de massa corporal mais baixo, assim como as taxas de câncer.

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