Na sexta-feira, Maria Cristina Lobo de Oliveira voltou, pela primeira vez após a morte da filha, à casa onde vivia com ela: as lembranças a fizeram mudar de endereço.| Foto: Fotos: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Passeio seguro

Confira algumas dicas de segurança para quem costuma fazer passeios pelas trilhas:

- Evitar passeios em casal ou em pequeno número. As viagens ideais têm entre 4 e 12 participantes.

- Nunca se afastar do grupo por períodos longos.

- Levar guia turístico – credenciado no Ministério do Turismo – ou, pelo menos, pessoas experientes que conheçam as trilhas, mesmo as consideradas simples.

- Avisar parentes e amigos sobre a estimativa de volta da trilha. Caso a pessoa ultrapasse por muito tempo o horário previsto, deve-se entrar em contato com a Força Verde pelo 0800-6430304.

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Uma semana depois da morte bárbara do estudante Osíris Del Corso, de 23 anos, no Morro do Boi, em Caiobá, as pessoas que moram perto do local do crime estão com medo. No fim de semana passado, Del Corso foi assassinado depois de tentar defender a namorada, de 22 anos. Ela foi baleada e estuprada. Quase todas as conversas de rua têm como tema o assassinato. Suspeitas e elucubrações do que aconteceu e quem matou é o que mais se ouve. Cada um tem uma teoria.

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Em comum, o choque diante de um crime brutal. De prático, os moradores reforçaram a segurança diante do medo. As 13 famílias que moram a menos de 100 metros da entrada do morro não dispensam, no período noturno, a escolta feita por uma empresa de segurança privada. O custo é de R$ 106 por mês, disse o dono da Neno Segurança, Valnizete Batista Nunes.

Turistas evitam subir o morro. O caminhoneiro Edmundo Screy, de 40 anos, é de Irati, mas está passando o fim de semana no litoral. Ele fez questão de ir até o local do crime. Mas subir? "Nem pensar. Não vou, não. Tenho medo", comentou.

O temor é tanto que poucos se arriscam a andar pelas trilhas do Morro do Boi. Gilberto, um comerciante aposentado de Ponta Grossa que permitiu apenas a divulgação do primeiro nome, foi flagrado pela reportagem saindo da trilha. "Fui pescar, mas confesso que acelerei o passo na trilha. Eu tenho medo de andar sozinho aqui depois do que aconteceu", disse. "Deveriam reforçar o policiamento, porque sempre vemos pessoas usando drogas."

A professora Débora Hauer, mãe de um filho pequeno, ficou assustada com o crime e evita até mesmo passar a pé pela entrada da trilha. "Só passo por lá agora de carro ou escoltada", afirmou ela, que é uma das moradores que conta com o serviço da empresa de segurança privada. "Até o movimento de veranistas na Praia Mansa (que fica a poucos metros do morro) diminuiu depois deste crime", reclamou o vendedor de picolé Valdecir Ribeiro.

A polícia reconhece que o local é frequentado por usuários de drogas e afirma que nos primeiros dias após o crime a fiscalização foi intensificada. "Havia muitos curiosos e a polícia estava iniciando a investigação", explicou o capitão Luiz Carlos de Barros, da Comunicação Social da Polícia Militar. O major Douglas Sabatini Dabul, coordenador operacional da Operação Verão, diz que o policiamento será mantido nos arredores do Morro do Boi e, "quando necessário, nas trilhas também".

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Alguns moradores defendem que o morro deve ser fechado para entrada de pessoas. A iniciativa, porém, gera controvérsias entre os próprios moradores. "Isso é um absurdo. Eu pesco na Praia dos Amores. É o meu divertimento", afirmou Gilberto. "Tinha que fechar isso e decretar área de preservação ambiental", retrucou Débora. A prefeitura de Matinhos estuda a possibilidade de melhorar o acesso com iluminação adequada. "Fechar acho que é um exagero", comentou o vice-prefeito, Gentil Arzão (PSL).