O número de pessoas assassinadas em Osasco e Barueri (Grande SP), em suposta represália à morte de um policial militar, pode ser maior do que o governo de São Paulo vem anunciando.
Em vez de 18 mortos, a represália pode ter deixado um saldo de 24 vítimas e começado uma semana antes do que oficialmente vem sendo investigado pela polícia.
A suspeita de uma “pré-chacina” foi apresentada na tarde desta quarta (19) pela Ouvidoria das Polícias à Polícia Civil de São Paulo.
O ouvidor Julio Cesar Fernandes Neves protocolou um pedido para que seja ampliada a lista de crimes investigados pela Força Tarefa, grupo criado pelo governo paulista para tratar da chacina.
Junto com o pedido, ele apresentou a lista dos nomes de seis homens assassinados a tiros na mesma região de Osasco, epicentro da chacina da semana passada, atacados em circunstância semelhantes e alguns deles com diferença de poucos minutos.
“Nós acreditamos que essas mortes façam parte do todo. Uma escalada. Um crime em série que começou com essas mortes e terminou no dia 13. É muita coincidência onde ocorreram, inclusive os horários, logo após a morte do policial militar.”
Os nomes estão nos registros de ocorrência feitos pela própria Polícia Civil.
De acordo com documentos que a reportagem teve acesso, cinco mortes ocorreram na madrugada do dia 8 de agosto, horas após a confirmação da morte do cabo Ademilson Pereira de Oliveira, 42, PM morto durante assalto a um posto de combustível.
A primeira delas foi registrada à 1h39 na rua Jacinto José de Souza, no Portal do Oeste, a cerca de três quilômetros do bar em que 8 pessoas foram mortas e duas ficaram feridas na quinta dia 13.
De acordo a família, Rafael da Silva Santos, 24, tinha saído de casa na companhia de um primo, quando ambos foram abordados por um grupo com cerca de dez homens armados, que estavam em dois carros não identificados.
Os criminosos ordenaram que os dois colocassem as mãos na cabeça, encostassem na parede para serem revistados, e passaram a interrogá-los para saber qual deles tinha antecedentes criminais.
Quando Santos informou que tinha uma passagem por furto, registrada um mês antes, ele levou oito tiros e morreu no local. Mesmo afirmando que não tinha antecedentes criminais, o primo também foi baleado seis vezes. Foi socorrido e sobreviveu.
“Como ele estava envolvido com drogas, temíamos que algo de ruim fosse acontecer com ele. Nunca esperávamos, porém, que isso fosse partir justamente da polícia”, disse um parente de Santos que pediu anonimato por questões de segurança.
A versão do tipo de abordagem feita pelos criminosos, contada pelo sobrevivente, é semelhante aquela narrada pelos sobreviventes do bar atacado no dia 13 de agosto.
De acordo com a Ouvidoria, a suspeita é a de que as outras quatro mortes registradas na mesma madrugada, naquela região, também foram praticadas pelo mesmo grupo.
A sexta morte foi registrada no dia 9, por volta das 19h30, quando desconhecidos mataram um homem de 44 anos com pelo menos três tiros no rosto e tórax, em local próximo às outros crimes.
- Corregedoria ouve 32 PMs sobre chacina em Osasco e Barueri
- Ao menos dez criminosos atuaram na chacina em Osasco e Barueri
- Força-tarefa que investiga chacina em SP ouve colegas de cabo morto
- Para ouvidor, “está claro que são policiais” os autores de chacina de SP
- PMs são suspeitos em três outras chacinas em Osasco
- Assassinos perguntavam por histórico criminal, diz prefeito de Osasco
- Série de ataques deixa ao menos 18 mortos e sete feridos na Grande SP
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora