Atos libidinosos
Sexo e prostituição no banheiro masculino da Praça Osório
A movimentação no banheiro masculino da Praça General Osório é intensa ao longo de todo o dia. Do lado de dentro, recostados nas paredes, senhores grisalhos, alguns homens de meia idade e uns poucos jovens usando óculos escuros e gel nos cabelos. Apesar de haver sanitários vagos, eles permanecem ali, em pé. Não vão ao local para satisfazer suas necessidades fisiológicas. O banheiro se tornou um ponto de encontro homossexual. As práticas libidinosas chegam a se consumar nas cabines, entre divisórias de madeira e o mau cheiro.
Alguns dos usuários do espaço parecem ter encontro marcado. Quando o "conhecido" chega, seguem juntos para o espaço reservado. Outros flertam dentro do banheiro e os casais se formam ali mesmo. "É diário e o tempo todo. Os desavisados que vêm para usar mesmo o banheiro se assustam", diz um funcionário, que pediu para não ser identificado.
Os números de telefone grafados à caneta nas portas das cabines reforçam indícios de que os sanitários também servem para a prostituição masculina. A reportagem ligou para alguns deles e constatou que os programas são marcados no próprio espaço. "A gente se encontra no banheiro mesmo e pode brincar um pouco. Aí, se você quiser, a gente até pode ir pra outro lugar", explicou o dono de um dos telefones.
Interatividade
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Quatro das principais praças do Centro de Curitiba Tiradentes, General Osório, Santos Andrade e Eufrásio Correia são alvos de atividades ilegais que degradam o espaço público, como consumo e tráfico de drogas, furtos e roubos e até prática de atos libidinosos. Não é difícil constatar essas práticas, que incomodam aqueles que passam ou usam esses pontos.
As drogas são o epicentro do problema, segundo avaliação da Guarda Municipal. Foram 167 ocorrências registradas entre janeiro e maio deste ano, 107 delas na Eufrásio Correia (veja infográfico), que fica ao lado da Câmara de Vereadores. A atividade acaba fomentando pequenos furtos e roubos e é de difícil combate porque está centrada na figura do pequeno traficante. "É uma cadeia difícil de romper, porque usuários são usados pelos traficantes e também vendem. Andam com poucas porções para não configurar tráfico", explica o inspetor Cláudio Frederico Carvalho, diretor da Guarda.
INFOGRÁFICO: Veja as principais ocorrências em espaços públicos
A reportagem constatou como se dá essa dinâmica. Ao fim de uma tarde, um jovem de boné circulava pela Eufrásio Correia. De vez em quando, era abordado por pessoas na maioria, jovens. A cada contato, ele entregava pequenos pacotes e recebia dinheiro em troca. Depois, mudava de banco. Dois rapazes chegaram a fumar, na praça mesmo, um cigarro artesanal que parecia ser de maconha.
Celulares
Na Tiradentes, outro problema deturpa o uso do espaço público: o comércio irregular de celulares e outros objetos. A venda é escancarada. Um pequeno grupo que se reúne próximo a uma banca de jornais negocia os aparelhos sem qualquer constrangimento. Carregam vários modelos em bolsas.
Os produtos são vendidos bem abaixo do preço de mercado. Um smartphone, que nas lojas custa cerca de R$ 800, sai até por R$ 100 na praça. Aparelhos mais simples chegam a ser negociados a R$ 20. O problema é que, sem procedência comprovada, o mercado também impulsiona furtos e roubos nas imediações, além do tráfico de drogas. "Toda hora vem usuário [de drogas] querendo vender celular aqui a preço de banana. Eu não compro, mas tem colega que acaba comprando porque dá uma margem grande", revela um vendedor.
Enquanto a reportagem conversava sem se identificar com os vendedores, um homem, aparentemente sob efeito de drogas, abordou um deles e vendeu um Nokia por R$ 5. O aparelho seria revendido por R$ 30. Antes que o rapaz se retirasse, o negociante sugeriu: "Traga um Android aqui que aí você vai fumar uma pedra pesada". A compra de produtos furtados ou roubados configura crime de receptação.
Guarda pede ajuda do povo para fiscalizar
A Guarda Municipal informou que vai tomar providências sobre os casos mencionadas pela reportagem e explicou que trabalha de três formas diferentes para fiscalizar as praças: rondas diárias (cada uma das nove regionais de Curitiba dispõe de cinco viaturas para este fim); módulos móveis itinerantes; e operações simultâneas.
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