Em Curitiba, as políticas de educação foram redirecionadas para dar ênfase aos critérios que formam a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. A conclusão consta da dissertação de mestrado do educador Douglas Danilo Dittrich, professor da rede municipal de ensino da capital paranaense.
A nota do Ideb é calculada a partir de dois vetores: o desempenho em provas aplicadas pelo governo federal e a taxa de aprovação dos alunos. Dittrich analisa que, após a implantação do índice, a secretaria municipal passou a priorizar aulas de reforço em Português e Matemática, disciplinas cobradas no exame. Também foi criado um regime de progressão continuada, em que os alunos não reprovam nas séries.
"Quando o governo federal criou o Ideb, passou a dizer o que queria dos municípios. Com isso, alguns deles procuraram o caminho mais fácil para aumentar sua nota", afirma Dittrich. "Curitiba criou cadernos pedagógicos que mostravam aos professores como ensinar aquilo que ia cair na Prova Brasil. Também deixou de reter alunos, para gerar impacto positivo no Ideb", relaciona.
A diretora do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação de Curitiba, Maria José Diniz Serenato, discorda dessa análise. Sobre a ênfase nas disciplinas constantes da Prova Brasil, ela explica que qualquer instituição de ensino da prefeitura pode implementar reforço escolar caso detecte dificuldades de aprendizagem. Também afirma que a secretaria não considera os ciclos de aprendizagem como progressão continuada. "Acompanhamos sistematicamente o rendimento do estudante. Se ele apresenta alguma dificuldade, procuramos fazer a interferência de imediato", diz.
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