A exemplo do que ocorre em capitais de outros estados, Curitiba deve enfrentar uma série de manifestações públicas contra o eventual aumento da tarifa de ônibus. Dois atos promovidos por entidades estudantis e coletivos sociais já estão marcados e a intenção dos grupos é de que novos protestos venham a ocorrer, como forma de pressionar pelo congelamento do preço da passagem. Os atos ocorrem em um período de crise no transporte, que vive às voltas com atrasos no pagamento de motoristas e cobradores e greves.
As manifestações são organizadas por grupos diferentes, mas com pauta convergente: a manutenção da tarifa em R$ 3,30, o rompimento do contrato de concessão do serviço com as empresas de ônibus e o passe-livre a estudantes, custeado pela prefeitura. Por conta disso, ambos os protestos estão com o mesmo mote: “R$ 3,80, nem tenta”, em referência ao valor para o qual a prefeitura cogitaria reajustar a tarifa.
O primeiro ato está marcado para as 18 horas de sexta-feira (22). Promovido por universitários, estudantes secundaristas e coletivos, o protesto terá a Boca Maldita como local de concentração, de onde os manifestantes devem partir em passeata por roteiro ainda não definido. A outra manifestação ocorrerá na próxima terça-feira (26), próximo à estação-tubo Estação Central. Será uma “aula pública”, em que um especialista vai abordar detalhes da crise no sistema de transporte. Este ato é organizado pela Frente de Luta pelo Transporte, integrado por juventudes partidárias, sindicatos e estudantes.
“As empresas atrasam o salário dos motoristas para que haja greve e, com isso, chantagear a prefeitura a aumentar a passagem. Isso nós não aceitamos”, disse Luiz Felippe Henning, responsável pela comunicação da Frente.
Articulação
Os organizadores consideram que os atos, de cara, não devem ter adesão tão maciça quando as ondas de protestos ocorridas em junho de 2013. Eles avaliam, no entanto, que as manifestações devem ganhar novos adeptos paulatinamente, a ponto de chamar a atenção da sociedade para o tema.
Policiamento
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Polícia Militar (PM) informou que não foi comunicada oficialmente da realização dos atos, mas que está atenta e monitorando as ocorrências. A corporação deve acompanhar as manifestações, por meio do policiamento velado e com policiais fardados à distância.
Ambos os grupos estão articulados em âmbito nacional, com entidades de outros estados, cujas capitais também têm enfrentado protestos – como São Paulo, onde as manifestações têm sido reprimidas com violência. Apesar desse intercâmbio de informações, os organizadores esperam que os atos transcorram pacificamente em Curitiba.
“A gente não compactua com depredações ou vandalismo. Queremos exercer pressão e resolver a questão pelo diálogo”, disse Higor Juan Bernardino, membro do “R$ 380, nem tenta”. “Quando há enfrentamento policial, as pessoas passam a não ir aos atos e nossa intenção é que haja adesão cada vez maior ao movimento”, completou.
Conselho
Os manifestantes também despejaram críticas ao Conselho Municipal de Transporte, instalado no ano passado. Segundo os ativistas, o órgão – que tem caráter consultivo – nunca se reuniu. “É um conselho apenas virtual, que não se reúne. A sociedade perde um forte instrumento para debater o tema”, apontou Carlos Pegurski, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Terceiro Grau Público (Sinditest).
“A gente tem uma série de estudos, inclusive do Tribunal de Contas do Estado, que comprovam que a tarifa é superfaturada e que há fraude na licitação”, disse Henning, que integra o Conselho.
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