O Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) anunciou que vai ingressar, nesta quarta-feira (20), com uma ação judicial pedindo o sequestro da arrecadação e de bens das empresas de transporte coletivo que operam em Curitiba, como forma de garantir o pagamento de salários da categoria. A decisão foi definida na terça (19), após audiência de dissídio realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR) ter terminado sem acordo entre as partes: funcionários, empresários e Urbanização Curitiba S/A. As divergências apertam ainda mais os “nós” do sistema de transporte da capital.
Ao longo da audiência, o sindicato das empresas (Setransp) voltou a alegar insuficiência de caixa para pagar o vale dos motoristas e cobradores – que vence nesta quarta. Segundo um cálculo dos empresários, seriam necessários R$ 4,8 milhões para efetuar o pagamento integralmente. Os patrões propuseram fazer o pagamento de forma parcelada, até a sexta-feira (22), mas o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, deixou claro que a categoria “não aceita mais negociar parcelamentos”. Sem acordo, o sindicato declarou que vai à Justiça.
“Ninguém abre mão [de receber em dia]. Isso [o atraso] é um câncer dentro do transporte coletivo e é vergonhoso para todo mundo que está aqui”, disse Teixeira. “Estamos entrando na Justiça, pedindo o sequestro de bens dos empresários, das empresas, para garantir os salários dos trabalhadores”, adiantou. O sindicato pode incluir a Urbs na mesma ação.
Apesar disso, o Sindimoc prometeu uma trégua temporária no que diz respeito a nova paralisações. O sindicato se comprometeu a não deflagrar uma greve antes do quinto dia útil de fevereiro – segunda-feira de carnaval.
As empresas, por sua vez, devem sustentar sua defesa alegando o que vem repetindo pelo menos desde setembro do ano passado, quando os atrasos no pagamento de salário se tornaram mais frequentes: que há uma defasagem na tarifa que tem comprometido o caixa dos grupos de transporte. “Nós tentaremos nos defender e mostrar a realidade a transparência do sistema, para que possamos tudo que foi falado no TRT [da dificuldade de fluxo das empresas]”, disse o presidente do Setransp, Maurício Gulin.
Sem acordo na audiência de terça, continua em vigor o que havia sido acordado em dezembro do ano passado, também no TRT-PR: em caso de atraso nos pagamentos, as empresas deverão pagar multa de R$ 30 por trabalhador, por dia de atraso. Segundo o Setransp, as empresas de ônibus têm cerca de 15 mil funcionários.