| Foto: Sinditest e Simepar/Divulgação

Equipamentos estragados e com falta de manutenção, escassez de insumos, poucos funcionários e uso de água turva para limpar os materiais. Estas denúncias fazem parte de um relatório de aproximadamente 100 páginas elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais se Ensino Superior do Paraná (Sinditest-PR) e Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) que denuncia a situação atual do Hospital de Clínicas (HC), em Curitiba. O documento levou seis meses para ser concluído e será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF).

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O material também critica a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A adesão do HC à empresa estatal ocorreu em outubro de 2014. Mas, segundo o documento, mesmo com a adesão, a falta de funcionários ainda prejudica o atendimento aos pacientes. “O déficit de funcionários é gigantesco. A promessa era convocar novos servidores a cada dois meses e isso não se concretizou”, relata o diretor do Sinditest, Max Colares.

Atualmente o HC tem 3,1 mil funcionários. Desses, 416 são funcionários contratados pela Ebserh. Até o momento, não há data para chamar os 1,2 mil trabalhadores que aguardam a convocação.

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Manutenção e água turva

Além da falta de pessoal, as dificuldades de manutenção dos equipamentos também são denunciadas pelos servidores no relatório. “Quando os equipamentos estragam, não são consertados. Além disso, não há manutenção preventiva dos equipamentos. Sem falar que temos que usar uma água escura, provocada por ferrugens nos canos, para limpar o material. Isso gera mais risco de infecção dentro do hospital”, diz Colares, que também atua como enfermeiro do HC. O relatório alerta que o uso da água turva pode danificar os equipamentos e materiais do hospital.

Assédio moral

O documento alerta para o fato de que o assédio moral ter se tornado uma constante no HC. Segundo o relatório, “alguns profissionais afirmaram ter sofrido assédio moral por parte de seus superiores e pacientes, que acabam descontando no médico a insatisfação com as longas esperas e até mesmo cancelamento de procedimentos por falta de material”.

O Hospital afirma que possui uma Ouvidoria para receber tanto queixas de pacientes quanto de profissionais, as quais são encaminhadas para os setores pertinentes para conhecimento, análise, providências e respostas. “Os encaminhamentos recebidos pela Ouvidoria não têm refletido a situação de assédio mencionada”, informa.

O documento aponta ainda que equipamentos, como autoclaves para esterilização, “frequentemente não estão em condições de funcionamento, pois estão quebrados”. O documento cita ainda que pasteurizadoras e termodesinfectadoras geralmente não apresentam condição de uso.

Insumos

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A escassez de insumos, que já foi noticiada no começo deste ano, também faz parte do relatório elaborado pelo Sinditest e pelo Simepar. São falta de medicamentos, de frascos de coleta para realização de exames e de material para radiografias tornaram-se uma realidade no hospital. Além disso, há relatos de falta de materiais básicos, como gaze e luva. “É um problema crônico. Até papel toalha, que usamos para enxugar as mãos e, consequentemente, evitar uma infecção cruzada chega a faltar”, afirma o enfermeiro Colares.

Outro lado

O Hospital de Clínicas, através da assessoria de imprensa, rebate as denúncias que foram apontadas no relatório elaborado pelo Sinditest-PR e pelo Simepar. Confira o posicionamento da entidade:

Água turva: O HC diz que são tomadas providências para garantir a qualidade da água, como: utilização de pré-filtros, filtros, purificadores, sistemas de filtração e osmose reversa. “Diariamente é realizada leitura do cloro na água fornecida pela concessionária. Realizamos tratamento da água produzida pelas caldeiras e armazenadas nos schillers, a limpeza das caixas e cisternas são realizadas semestralmente”, diz.

O Hospital de Clínicas explica que por ser uma edificação de 55 anos, em alguns setores a tubulação ainda é a original, utilizada na construção a tubulação que foi de ferro. “Esta tubulação está sendo trocada por outra de material de PVC”.

Funcionários: O HC aponta que as novas chamadas estão bloqueadas pelo governo federal. “Nossa expectativa é que, a partir do segundo semestre, os funcionários concursados pela Ebserh voltem a serem chamados para assumires os cargos”.

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Manutenção de equipamentos: O HC informa que possui um setor específico para gerenciar os equipamentos médicos da instituição que realiza as manutenções preventivas e corretivas. Em relação às autoclaves, o hospital diz que a manutenção preventiva é realizada pela Engenharia Clínica, conforme um cronograma anual. A manutenção corretiva é executada sempre que solicitado pelas unidades por uma empresa externa responsável pelas máquinas. Já os termodesinfectoras são produtos adquiridos por projeto de pesquisa internacional e “a manutenção preventiva e corretiva está em fase final de contratação de representante exclusivo”.

Insumos: Segundo o hospital, “atualmente, todos os estoques já atingiram os níveis de segurança, podemos afirmar que estão razoavelmente equilibrados, porém não temos condições de expansão de serviços. Com a crise houve a redução de itens estocados, porém sem comprometer o atendimento”.