A Secretaria Municipal de Defesa Civil informou que 25 imóveis localizados nas proximidades da explosão ocorrida nesta segunda-feira (19), em São Cristóvão, zona norte do Rio, estão interditados, sendo 12 por risco estrutural e outros 13 por risco de desprendimento de material. Entre os 25, seis imóveis são quitinetes de um condomínio localizado acima de um restaurante.
Um familiar do dono da pizzaria, na qual estaria localizado o bujão de gás que pode ter provocado a explosão, admitiu que a cozinha empregava cilindros de gás, mas disse que o proprietário havia consultado a CEG pedindo a instalação de gás encanado no local, que já era fornecido na região. Com a explosão, 40 imóveis foram destruídos e sete pessoas ficaram feridas, mas sem gravidade.
O casal de aposentados Ana Maria Dias, 63 anos, e David Souza, 65 anos, morava na última quitinete do prédio e foi acordado pelo barulho da explosão. “Acordamos com tudo caindo em cima. Desabou o telhado todo em cima da gente. Se você olhasse para cima você via o céu como estou vendo aqui agora. A casa ficou completamente destruída. Já viu entulho de obra? A nossa casa é aquilo”, disse Ana Maria, que teve um corte na perna.
David Souza disse que a filha do casal acabou protegida por escombros que não caíram totalmente e amorteceram o restante do que despencava. “Era mais ou menos umas três horas da manhã quando as coisas começaram a desabar em cima da gente. Caiu telhado, forro, tudo. Eu pulei em cima dela (esposa) para protegê-la. Minha filha foi protegida por uma telha de alumínio que caiu por cima. Quando saímos dali para o corredor ficamos ilhados porque a nossa quitinete é a última lá para trás. Não tinha como a gente sair pela frente. Aí o bombeiro entrou e resgatou a gente”, contou Souza .
No prédio em frente ao local onde ocorreu a explosão, os moradores também foram acordados com o estrondo e rastros de destruição. “Eu achei que o mundo estava acabando, tudo desabando e caindo. Eu tomo remédio para dormir e nem como o remédio me acalmei”, disse a dona de casa Jorleia da Silva Santos, 57 anos. No apartamento dela apenas a vidraça de uma janela ficou destruída.
Vizinha de Jorleia, a aposentada Cristina Melo, 59 anos, disse que sua casa teve estragos bem maiores. “Quero que a Defesa Civil vá lá olhar porque eu tive sete vidraças quebradas, duas portas emperraram, caiu todo o gesso do banheiro e até a descarga deslocou do lugar”, explicou a moradora.
O construtor Roberto Carlos Barcanias, 47 anos, que morou pouco mais de um ano em uma das quitinetes, disse que a expectativa de tragédia era iminente. Por isso, ele deixou o local. “Foi uma tragédia anunciada. A prefeitura tem que fiscalizar mais. Esse povo tem que sair do gabinete. Por trás, pelo muro que era baixo, a gente conseguia ver os cilindros tanto no restaurante quanto na pizzaria. Eu sentia um cheiro de gás. Sou construtor então ficava preocupado com isso. Não consegui denunciar, mas procurei sair dali logo”, disse Barcanias.
Ele afirma que, embora não tenha registrado reclamação, outros amigos que moravam no local tinham tentando falar com os donos tanto da pizzaria quanto do restaurante. “Parece que não foi tomada nenhuma iniciativa para resolver o problema. Era muito quente lá e muito abafado. Não tinha janela, só porta”, contou ele.