A defesa da médica Virgínia Soares de Souza espera que até a próxima quinta-feira (7) seja decidido se a justiça vai conceder ou não o habeas corpus para a médica. O advogado Elias Mattas Assad fez o pedido na última quarta-feira (27), sob a alegação de que não há provas da existência do fato criminoso. A médica está presa desde a semana passada, em uma investigação que apura mortes de pacientes ocorridas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba. Outros três médicos e uma enfermeira também estão presos.
O advogado explicou que impetrou o habeas corpus sem pedido liminar. Desse modo, não é apenas um desembargador que vai avaliar o caso, mas sim um colegiado. Segundo Assad, o relator do processo, Desembargador Antonio Loyola Vieira, vai precisar colher depoimentos do juiz da vara de inquéritos, responsável pelo caso, e da Procuradoria de Justiça, do Ministério Público. Depois, ele se reúne com os outros desembargadores da sua câmara para decidir a validade da ação. Assad diz que tomou essa decisão para conseguir obter o posicionamento da Procuradoria de Justiça. Ele espera que a ação seja julgada na próxima semana.
Virgínia é investigada pela morte de seis pacientes ocorridas em leitos da UTI do Evangélico, entre dezembro de 2011 e março de 2012. A médica é suspeita de ter acelerado a morte destas pessoas, por meio do desligamento de aparelhos e de medicação.
Na terça-feira (26), a Polícia Civil divulgou parte do inquérito, que traz transcrição de gravações realizadas com autorização da Justiça. Em uma delas, a médica afirma que há doentes que "já estão mortos", em uma constatação de que alguns pacientes não podem mais se recuperar. Em outro momento, ela diz que não adianta "entulhar a UTI" e que é preciso "girar".
Infiltrado
A Polícia Civil chegou a cogitar a possibilidade de infiltrar um agente na UTI do Evangélico. A ordem judicial para isso chegou a ser expedida, mas, segundo nota, "a execução da medida se tornou inviável do ponto de vista operacional, optando-se pela interceptação telefônica autorizada judicialmente"
Outras prisões
Na noite do dia 22 de fevereiro, a Justiça determinou a prisão temporária por 30 dias de três médicos e de uma enfermeira. Todos integraram a equipe da médica da médica Virgínia e são investigados por envolvimento nas mortes de pacientes.
Três dos quatro mandados foram cumpridos no sábado (23). Foram detidos os médicos Maria Israela Cortez Boccato, Edison Anselmo da Silva Júnior e Anderson de Freitas. Na segunda-feira (25), a enfermeira que também teve a prisão decretada, se apresentou à Polícia Civil e também está presa.
Manifestações
Ainda na segunda-feira, o diretor técnico do Hospital Evangélico, Luiz Felipe Mendes,afirmou que houve abuso na operação policial que terminou com as prisões e disse que a instituições médica se sente constrangida. "É constrangedora a forma como está sendo conduzido o caso. Ficamos assustados com o tamanho da repercussão. O hospital foi tomado de assalto. Ficamos sabendo do caso pela imprensa e foi absurda a ação do organismo policial", disse Mendes.
Na terça-feira (26), o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e a Polícia Civil reagiram às declarações do diretor do Evangélico e manifestaram apoio às investigações. O MP-PR afirmou que as provas que compõem o inquérito são consideradas fortes, o que justificaria os pedidos de prisão e busca e apreensão feitos pela Polícia Civil.
A Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol) e o Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol) afirmaram que as investigações correram dentro da legalidade e reiteraram. O presidente da Adepol, Kiyoshi Hattanda, prestou solidariedade à delegada Paula Brisola, que conduz o inquérito. "Os áudios são as principais provas do inquérito, e os áudios são estarrecedores", disse.
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