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A defesa da médica Virgínia Soares de Souza, acusada de provocar a morte de pacientes no Hospital Evangélico, em Curitiba, entregou nesta quinta-feira (11) a defesa preliminar à Justiça. A linha principal da peça é demonstrar que a médica, ex-chefe da UTI, não se beneficiava financeiramente em caso de óbito e consequente desocupação de leitos do setor. "A única justificativa é tachá-la de psicopata. Mas para que isso [as mortes provocadas] acontecesse, ela teria de ter reunido vários outros psicopatas", declarou o advogado Elias Mattar Assad, defensor da médica, na saída do Cartório Judicial da 2ª Vara do Júri de Curitiba. "Nunca vi uma reunião tão grande de psicopatas em um mesmo lugar", ironizou o advogado.

A defesa requereu a exumação dos sete corpos das supostas vítimas listadas no processo. O objetivo é verificar se estes pacientes morreram por causa de doenças e traumas que os acometiam ou se as mortes foram causadas por administração incorreta de medicamentos. Segundo o Ministério Público, essa era a forma usada pela acusada e a equipe para matar as vítimas. "Tenho certeza que esses pacientes viriam a óbito em qualquer hospital do mundo", garante Assad.

Além disso, Assad também apresentou uma carta de uma testemunha anônima que, na avaliação dele, representa uma "bomba" com potencial para gerar uma reviravolta no caso. Um denunciante afirma que um grupo econômico paulista atuante no setor educacional e interessado em adquirir o hospital teria influenciado o rumo das investigações para desmoralizar a instituição. Esse grupo, relata Assad, é proprietário de faculdades na área de engenharia e deseja expandir os negócios para o ensino de medicina. Sabendo das dificuldades financeiras do Hospital Evangélico, que pertence a Sociedade Evangélica Beneficiente e está ligada a Faculdade Evangélica com vagas para residência médica, o grupo teria influenciado o direcionamento das investigações como forma de enfraquecer a instituição, tornando-a mais suscetível à venda.

O advogado tem duas cartas enviadas a ele pelo denunciante, que foi listado como testemunha. Numa delas, escrita à mão e apresentada à imprensa, a trama é narrada de forma genérica, sem citar nomes de pessoas ou empresas. Na outra, segundo Assad, alguns nomes são revelados. "Como a promotoria pode trabalhar com denúncias anônimas, eu também posso", justificou.

O advogado pediu ainda a desqualificação das transcrições das escutas telefônicas de Virgínia de Souza. Ele cita como motivo o fato de a polícia ter divulgado um trecho que depois se revelou incorreto. Inicialmente, o texto apontava que a médica dizia: "a gente está com a cabeça fria para assassinar". Depois de o trecho ser revelado pela imprensa, a polícia corrigiu a transcrição. No lugar, Virgínia teria dito: "a gente está com a cabeça fria para raciocinar". "A degravação errada demonizou a Virgínia diante do juiz", critica Assad. Também foi pedida a nulidade dos prontuários como prova, já que foram retirados do hospital pela Justiça e os originais estão inacessíveis à defesa. 64 testemunhas foram listadas como testemunhas.

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