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A defesa do médico Roger Abdelmassih, acusado de estupro e atentado violento ao pudor contra pacientes, vai entrar nesta terça-feira (18) com um pedido de habeas corpus para que ele responda ao processo em liberdade. O médico, um dos mais conhecidos especialistas em fertilização do Brasil, responde a 56 processos criminais por estupro.

Abdelmassih foi preso dentro de sua clínica no Jardim América, em São Paulo, na tarde de segunda-feira (17). Eram pouco mais de 15h e ele tinha acabado de chegar para mais uma tarde de trabalho. Ele passou a noite no 40º Distrito Policial, na Vila Santa Maria, Zona Norte de São Paulo, onde chegou em silêncio.

O advogado de Abdelmassih disse que o médico alega inocência. "A defesa entende que o decreto da custódia preventiva do doutor Roger é um decreto ilegal. Ele preenche os requisitos para aguardar o julgamento em liberdade", afirmou o advogado José Luís Oliveira Lima.

Uma mulher descreveu um ataque do médico na sala de pré-cirurgia, pouco antes da retirada de óvulos para a fertilização, um procedimento que é feito na própria clínica.

"Quando eu deitei na cama, ele pegou e veio acariciar meu seio e eu coloquei as minhas mãos assim (se protegendo). Aí, eu falei pra ele: ‘você não precisa mexer no meu seio pra tirar o óvulo de mim’. Ele estava sentindo prazer no que ele estava fazendo, entendeu?", relatou.

Elas tinham problemas para engravidar e, por isso, procuraram o especialista conhecido. Há também relatos de ataques logo após a cirurgia de retirada de óvulos. "Eu acordei levemente e lembro dele me beijando, beijando minha boca e falando para eu beijar ele e lembro dele passando a mão no meu corpo", relatou outra vítima.

Algumas dessas histórias chegaram à Promotoria no ano passado, mas a Justiça nem analisou a denúncia, porque não havia inquérito policial. A polícia entrou no caso, ouviu dezenas de mulheres que se apresentaram como vítimas, e o médico foi apontado como autor de crimes sexuais.

Na ficha policial dele agora consta: indiciado pelos artigos 214 do Código Penal (atentado violento ao pudor) e 213 (estupro). Entre as vítimas ouvidas pela polícia está uma paciente de Minas Gerais, que contou o que, segundo ela, aconteceu na sala de recuperação da clínica. "Assustada, abri os olhos com dificuldade e vi que quem me beijava era o médico. Não tive forças para conter suas investidas. Ele então levantou a camisola cirúrgica que eu estava vestindo e consumou o ato", narrou.

Além da Justiça, o Conselho Regional de Medicina abriu 51 processos éticos contra o médico. "O conselho é um tribunal que julga a ética dos médicos. Como um tribunal, ele tem que dar ampla e total direito de defesa e isso o colega, o Doutor Roger, vai ter", declarou o vice-presidente do CRM, Renato Azevedo.

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