A defesa do último acusado de envolvimento no caso Zanella afirmou que "apenas quer igualdade de tratamento no julgamento". Arnaldo Busato Filho, que defende Maurício Bittencourt Fowler, disse que entrou com a liminarpara que seu cliente receba a sentença de um juiz de Direito e não do Tribunal do Júri. Com o pedido, a audiência que aconteceria nesta segunda-feira (15) foi suspensa até que haja um parecer sobre a questão. Após esse período, o caso terá que entrar novamente na pauta.
Em maio de 1997 - quando ocorreu o crime -Fowler era um dos delegados do 12º. Distrito Policial, em Santa Felicidade, e é acusado de tentar convencer os jovens que estavam com Zanella a confirmarem a versão de que o estudante era traficante.
O advogado de defesa de Fowler disse que o Tribunal do Júri tem competência para julgar crimes dolosos contra a vida e crimes conexos. Mas, segundo o advogado, esse não é o caso de Fowler, que é acusado de forjar provas para incriminar o estudante e não de ter atentado contra a vida de Rafael Zanella. "A família de Zanella quer impor sua vingança ao julgamento. E isso não podemos aceitar", disse o advogado.
Busato Filho disse ainda que a argumentação da liminar era inédita, uma vez que poderia ser utilizada apenas após o julgamento de todos os policiais acusados pelo dolo. "A partir desse momento perdeu-se a conexão desses julgamentos com o de Fowler", afirmou. A defesa alegou que se tratam de crimes técnicos. O advogado argumentou também que os crimes aos quais seu cliente é acusado prescrevem com 12 anos e não com oito.
Família contesta defesa de Fowler
Já a mãe de Rafael Zanella, Elizabeta Zanella, afirmou que a família se sente "de mãos atadas", pois a única coisa que pode fazer é aguardar a decisão sobre a liminar. Na manhã desta segunda-feira (15) familiares e amigos protestaram contra a suspensão do julgamento.
Para a família, a defesa de Fowler utiliza novamente o mesmo argumento sobre a competência do Tribunal do Júri para tentar adiar o julgamento. "Até quando isso vai acontecer? Se a liminar for indeferida, a defesa vai utilizar quantas vezes essa mesma questão", disse a mãe de Rafael Zanella.
Outros julgamentos
Outros dois policiais acusados de ter envolvimento na morte de Rafael Zanella foram julgados e condenados nesta semana. O policial Daniel Luís Santiago Cortes foi condenado a 12 anos e 10 meses de prisão por forjar provas. O julgamento aconteceu na quarta-feira (10). Cortes era o superintendente do 12.º D.P. e foi condenado por ter atirado contra o carro dos policiais que abordaram Zanella, para que então ficasse configurado que houve troca de tiros.
Já Carlos Henrique Dias foi condenado a 11 anos de prisão e perda da função pública na quinta-feira (11). Dias era um dos escrivães do 12.º D.P. e foi acusado de registrar de forma distorcida os fatos referentes ao assassinato do estudante.