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Defesa explora vida de Elize, julgada por esquartejar o marido, para reduzir pena

 | NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO
(Foto: NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO)

Com o rosto encoberto pelas mãos, Elize Matsunaga teve de ouvir a história da própria vida, desde a infância, passada a limpo no quarto dia do júri sobre e morte do empresário Marcos Kitano Matsunaga. Pela primeira vez, os seus advogados tiveram a oportunidade de chamar as testemunhas de defesa. A primeira delas, a técnica de enfermagem Roseli de Araújo, tia da ré, revelou que a sobrinha foi abusada sexualmente pelo padrasto na adolescência.

Os advogados querem construir a imagem de que Elize, com dificuldades na infância e de convívio familiar, teve uma história de superação. Isso para tentar afastar a tese da acusação de que ela tenha agido de forma premeditada contra seu marido – a vítima – e tenha empregado meios cruéis, o que aumentaria a pena. A ré está presa desde junho de 2012.

Às 17h15 desta quinta-feira (1) Roseli de Araújo começou o seu depoimento, relembrando as dificuldades da família na cidade de Chopinzinho, no interior do Paraná. Segundo ela, a rotina era de dificuldades em uma casa de madeira que nem sequer tinha banheiro ou geladeira. O pai da ré teria abandonado a filha, a irmã e a mãe, dificultando ainda mais as condições de relacionamento na residência.

A chegada do novo namorado da mãe teria causado mais problemas. O primeiro alerta para a tia foi quando Elize fugiu de casa na adolescência. “A gente desconfiou que tinha alguma coisa errada quando ela fugiu. Encontramos ela um mês depois, no Conselho Tutelar de Gravataí, no Rio Grande do Sul”, disse Roseli. “Só depois descobrirmos do abuso do padrasto”, acrescentou.

A mulher que hoje responde por homicídio triplamente qualificado e destruição de cadáver era definida na infância como “discreta, estudiosa e gentil”, segundo a familiar. A vida de Elize começou a mudar quando ela deixou o interior e foi para Curitiba fazer um curso de técnico de enfermagem com as despesas pagas pela tia. Teria sido na capital paranaense que Elize começou a se prostituir, segundo apontou a investigação, tendo se mudado para São Paulo em busca de mais oportunidades.

Roseli definiu Marcos Matsunaga como um homem atencioso. O empresário havia ido visitar a família de Elize, quando ainda namoravam. “Pareciam apaixonados.” A tia lembrou que, no dia anterior ao crime, Elize conversou com ela sobre a descoberta da traição do marido. “Ela falou do detetive. Falou que ia se separar.” Ela só descobriria que a sobrinha estava envolvida na morte quando a polícia prendeu Elize.

O júri deve estender-se até o fim de semana. Estão previstos ainda outros seis depoimentos de testemunhas de defesa, os debates entre a promotoria e os advogados, o interrogatório da ré e a votação dos jurados.

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