Mário Bradock, ex-delegado de Ortigueira: investigado pela Corregedoria da polícia| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

O delegado Mário Sérgio Bradock Zacheski não é mais o titular da Delegacia de Ortigueira desde o começo do mês passado. Foi transferido para o município de Reserva, a 63 quilômetros de Ortigueira. Bradock alega que sua saída foi consequência da pressão exercida por Joarez da França Costa, o Caboclinho, e de um político influente da região de Imbaú, cidade vizinha a Ortigueira. Bradock trabalhava na cidade desde fevereiro deste ano.

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Apesar de a Polícia Civil informar que a transferência do delegado se deve a uma readequação técnica, a portaria que o transfere deixa claro o motivo: a instauração de um procedimento preliminar na Corregedoria contra o delegado. Bradock nunca foi discreto. Ele conseguiu que sua sogra e sua esposa, que são funcionárias em cargo de comissão da prefeitura de Ortigueira, fossem transferidas para a delegacia, onde acabaram morando com o policial. As duas faziam o trabalho de carceragem. Além disso, construiu mais celas na delegacia em um prédio anexo.

"Não tenho funcionário. Faz vinte anos que eu construo aonde eu vou, com a comunidade ajudando, nunca nada vem do [governo do] estado. A prefeitura ajudou. A mão de obra foi dos presos. Já aproveita para fazer o papel de ressocialização", defende-se o delegado.

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Suspeita

Segundo ele, a transferência foi motivada pela investigação de um assassinato em Imbaú, município vizinho a Ortigueira, neste ano. A investigação envolveria um político daquela cidade. "Estou investigando essa morte. Tenho liberdade para investigar. Só que não era apenas eu que estava investigando. O serviço reservado da Polícia Militar de Telêmaco Borba também estava", explicou.

Para Bradock, sua transferência também ocorreu em razão de uma suposta concorrência nas próximas eleições municipais. O delegado pretendia sair candidato à prefeitura de Ortigueira, condição também postulada pelo filho de Caboclinho. "De cada dez pessoas em Ortigueira, nove estão comigo. Surgiu a oportunidade de eu ser candidato a prefeito. Mas esse cidadão [Caboclinho] quer a prefeitura pra ele. Então, foram na Corregedoria, eu não saio candidato e paro de investigar", alegou.