Um mistério ronda o entardecer do último dia 7 de agosto do Parque do Embu, em Colombo. Foi naquele dia que Stefani Agneloto Vieira Lopes, de apenas 15 anos, sumiu após comprar 33 pães em uma mercearia a poucos metros de sua casa. A polícia ainda não divulgou qual sua principal suspeita sobre o caso. Mas, o delegado Erineu Portes acredita que a jovem esteja viva.
“Não posso dar pistas neste momento. Mas a probabilidade maior é de encontra-la viva. Os elementos da investigação apontam para essa crença. Se estivesse morta, acredito que já teríamos encontrado o corpo. Agora, dependemos de um golpe de sorte e não queremos atrapalhar isso. Teremos novidade nos próximos dias”, diz o responsável pelas investigações.
Antes de sumir, jovem coordenou campanha de doação
Uma das coordenadoras de uma campanha para arrecadação de doações destinadas ao Pequeno Cotolengo, Stefani Agneloto havia confirmado presença no ônibus que levaria os estudantes do Colégio Estadual Presidente Abraham Lincoln para uma visita à instituição, que atende pessoas com deficiências múltiplas. A entrega do que foi arrecadado estava programa para o dia 10 - três dias após o desaparecimento da jovem.
Segundo a diretora, Josiane Hoogevoonink, a estudante chegou a pagar sua parte na locação do veículo e estava empolgada com a campanha. “Na quinta-feira (6), ela participou de uma reunião e estava bem animada. Todos estranharam quando ela não pareceu no dia da entrega das doações”.
Quem convive com Stefani garante que a jovem não tem o perfil de quem foge de casa. A diretoria da escola, a dona da mercearia que a viu pela última vez, as investigações policiais: todos apontam que ela tinha uma vida tranquila, com assiduidade escolar e boas notas. O namorado é conhecido da mãe. Inclusive, já depôs ao lado da família.
A adolescente vivia com a mãe e dois irmãos. O pai dela foi preso em São Paulo sete anos atrás e nunca mais teve contato com a filha, segundo a mãe da jovem, Madalena Agnelotto. A família vive em uma casa simples de uma rua não pavimentada do Parque Embu – a maioria das vias do local ainda é de chão batido. No mesmo terreno, há outras duas casas onde moram os avós e os tios. Afastada, a região tem um misto de casas de médio e baixo padrão.
“Esses dias surgiu um boato de que haviam encontrado um corpo. Muitos estudantes entraram em pânico, chorando, porque ela era muito popular. Tive de passar de sala em sala desmentindo”
“Ela tem uma convivência normal com a família, namorado e amigos da escola. Dormia fora somente com a minha autorização. No dia do desaparecimento, saiu só com a roupa do corpo para comprar pães”, conta Madalena, que preferiu atender a reportagem apenas por telefone. No Parque Embu, apenas o tio falou sobre o caso. “É uma menina muito boa. Estamos todos preocupados”. A família espalhou cartazes nas paredes e postes do bairro.
Na Mercearia do Neguinho, a proprietária diz ter vendido R$ 9,90 em pães para a jovem no fim da tarde do dia 7. “Ela vinha aqui pelo menos uma vez por semana. Quando não era ela, vinha o avô. Eles sempre compravam muitos pães porque a família é grande e já levavam para vários dias. Não notei nada de diferente”, diz a comerciante. Segundo o delegado do caso, a ocorrência foi registrada apenas na terça-feira (11) – quatro dias depois do sumiço.
Mas, Erineu Portes não vê relação entre o desaparecimento e esse lapso para o registro do caso junto à polícia. “Entrevistamos todos os parentes. Eles não nos parecem suspeitos”, afirmou.
No Colégio Estadual Presidente Abraham Lincoln, onde Stefani estuda, não se fala em outra coisa. A direção, inclusive, firmou um pacto com os alunos de que eles serão os primeiros a ter notícias quando houver fato novo no caso. O objetivo é evitar especulações. O comportamento escolar da jovem, segundo a diretora, era exemplar. “Tenho três turmas matutinas do 1º ano e apenas duas do 2º. Na virada, continuam estudando pela manhã apenas os com maiores notas. E ela foi um desses estudantes”, conta Josiane Hoogevoonink. Para a diretora, a única indisciplina recorrente da aluna era a aversão ao uniforme. “Mas isso é comum à 90% das jovens”, pondera.
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