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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Promotoria de Justiça de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, apresentaram, nesta quinta-feira (23), a denúncia criminal contra o delegado do município e outros três policiais civis pelos crimes de concussão (extorsão praticada por agente público), formação de quadrilha e coação. Dois advogados também foram denunciados por concussão.

O delegado Maurílio Alves, o superintendente do distrito policial Adão Osmário de Almeida e o investigador Mário Jorge Ermelino da Silvaforam presos na semana passada suspeitos de participar de um esquema de extorsão contra o caminhoneiro Valdeci Deda. Um quarto policial, que não teve a identidade revelada, também teve a prisão preventiva decretada, mas ainda não foi detido.

O delegado está preso no Centro de Triagem 1, enquanto o superintendente e o investigador no Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara. Os advogados de Deda, Evaldo Pissaia e Renato Celso Beraldo Júnior, também foram detidos por suposta participação no esquema, mas já foram liberados. Eles são suspeitos de receber o dinheiro que foi dividido com os policiais.

Segundo o Gaeco, Pissaia declarou que, ao ser preso, dividiu cela com os policiais Silva e Almeida e teria ouvido comentários entre eles dizendo que "resolveriam esse problema de outro jeito e aconselhando o declarante (Pissaia) a negar tudo ou permanecer em silêncio".

De acordo com a denúncia, a quadrilha seria chefiada pelo delegado. Eles teriam se especializado em "prender pessoas para depois exigir dinheiro ou bens em troca da liberação do flagrante". Em nota, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) explicou a forma de atuação dos envolvidos: eles escolhiam uma vítima, em geral um empresário da região ligado a algum tipo de prática criminosa; essa pessoa passava a ser monitorada pelos investigadores, que levantavam elementos que a comprometessem; feito isso, a vítima era alvo de "abordagem policial"; levada à delegacia, era feita a cobrança pelos policiais para a liberação do flagrante.

O esquema teria funcionado entre maio e setembro deste ano, até ser descoberto pelo MP-PR. Na denúncia, os promotores explicam um caso de extorsão em que os policiais exigiram R$ 150 mil para não apreenderem um caminhão e um carro com cigarro e não lavrarem o flagrante. As vítimas pagaram R$ 40 mil no primeiro dia, outros R$ 15 mil dias depois, e ficou acertado que teriam que dar R$ 3 mil todo mês para a quadrilha.

De acordo com o MP-PR, além das provas testemunhais, a denúncia está amparada em gravações de áudio que demonstram o envolvimento do delegado e vários documentos, como comprovantes de saques bancários referentes a parte do dinheiro que foi entregue aos policiais. Há ainda uma folha de papel encontrada na casa do superintendente, com anotações sobre as atividades e rotina de uma das vítimas.

O advogado de defesa de Pissaia e Beraldo Júnior, Edson Gonçalves, garante que os dois são inocentes no caso e não têm qualquer envolvimento com o esquema. "Eles não receberam qualquer quantia em dinheiro, nem mesmo os honorários. Estas denúncias são vazias e infrutíferas", declarou Gonçalves.

A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o advogado de defesa dos policiais denunciados, mas não foi atendida até as 20h50.

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