Há oito anos, foi comemorado os cem anos da imigração japonesa do Brasil. Em Curitiba, um dos principais projetos para homenagear o centenário ainda não foi finalizado. O Parque do Centenário da Imigração Japonesa, no Jardim Icaraí, no Uberaba, deve ser entregue até o fim de dezembro deste ano – é a quarta tentativa para a conclusão do espaço. De 2008 pulou para 2012; depois, para 2014. No ano passado, a tentativa era finalizar até setembro de 2016, mas, agora, ficou para próximo dia 31 de dezembro.
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Inaugurado ainda na gestão de Luciano Ducci (PSB), sem ter sido finalizado por completo, o espaço está localizado às margens da Avenida das Torres e concorre diretamente com o Parque Municipal São José dos Pinhais, uma estrutura de quase 650 mil metros quadrados com churrasqueiras, academia ao ar livre, pista de caminhada e campo de futebol.
O espaço curitibano foi projetado em 2008 a um custo inicial de aproximadamente R$ 3,4 milhões. O valor foi totalmente subsidiado por verbas federais, explica a prefeitura, que alega a entrega “apressada” como um dos motivos que prejudicou a finalização total do ambiente. “Na gestão passada, a obra foi abandonada pelas empresas por falta de pagamento e tivemos que renegociar os projetos com a Caixa [Econômica Federal]”, explica Alfredo Trindade, superintendente de Obras e Serviços da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA).
A manutenção extra com reparos e recuperação de pontos vandalizados fez a prefeitura desembolsar nos últimos anos outros R$ 800 mil com o parque. O espaço passa pela etapa final das obras, com grupos que desempenham serviços de limpeza, iluminação e pequenas melhorias. Na última quarta-feira (23), a reportagem observou a presença de cinco pessoas que se dividam entre estas tarefas.
Segurança
Do lado de fora, no entanto, as áreas praticamente desertas endossam a percepção de alguns moradores das redondezas. Embora as obras estejam em andamento, eles denunciam o longo período em que o parque ficou abandonado e o que eles apontam como falta de segurança na vizinhança. “De noite vem uns grupos aqui ouvir som alto e vira tudo uma baderna. Tem outros caras que vêm aí e destroem as coisas. Sempre assim e ninguém vê”, comenta Celso Pereira de Almeida, morador da região.
Ele reforça que ainda é necessário muito empenho para tornar o parque mais atrativo. “O povo chega, dá meia volta e vai para o Parque de São José dos Pinhais. Nem mesmo japonês a gente vê aqui”, diz.
Quando pronto, o prédio central do parque abrigará exposições e também poderá ser usado para palestras. Na parte externa, um tímido espaço de lazer infantil resiste ao efeito do tempo do outro lado da entrada principal do parque. De acordo com relatos dos vizinhos do local, a ciclovia e o espaço de caminhada são aproveitados por algumas pessoas nos fins de semana.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente informou que no período de obras há guardas armados para proteger as instalações. Segundo a assessoria da pasta, o Núcleo da Guarda Municipal no Boqueirão faz rondas periódicas na região e há uma atuação conjunta com a Polícia Militar.
Ainda de acordo com a assessoria da pasta, desde 2012 o Parque da Imigração Japonesa já foi alvo de depredação por oito vezes, o que exigiu um desembolso de mais de R$ 500 mil para recuperação. A assessoria da PM informa, por sua vez, que as ações de segurança pública são compartilhadas. “No caso de som alto, se a PM flagrar faz os procedimentos necessários, do contrário conta com apoio da população que deve denunciar”.
Pesca no lago
Tomados pela vegetação, os lagos do Parque do Centenário da Imigração Japonesa de Curitiba podem não ser belos, mas atraem gente. É o caso do jovem Edenilson Correia de Lima, de 20 anos, que durante a visita da reportagem ao local aproveitava a manhã para pescar lambaris – as iscas para uma pescaria maior.
O Parque da Imigração foi erguido em uma área de 500 mil m² que cercam a bacia hidrográfica do Rio Iguaçu. Lima conta que sempre que pode vai até lá e, conversa de pescador ou não, orgulha-se ao afirmar que daquelas águas já retirou uma carpa de 3,2 quilos. “Venho pra tirar lambaris daqui e ir pescar no lago ali de trás. Dizem que é proibido, mas sempre tem gente aqui”, acrescenta.
Segundo Trindade, da SMMA, a limpeza nos lagos do espaço é feita periodicamente, de acordo com o calendário da secretaria. “Tem o Rio Iguaçu logo ali ao lado, que não tem total tratamento de esgoto, mas periodicamente fazemos a manutenção das águas. Não faz parte dos contratos [de obras]. São procedimentos da prefeitura”, completa o superintendente.
Ele aponta a chegada do calor e o acúmulo de matéria como um dos fatores que acelera o crescimento vegetal sobre as águas e garante que, antes da entrega, uma nova limpeza será feita nos lagos.
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