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A paranaense reencontrou a família no Aeroporto Afonso Pena e seguiu viagem para Matinhos, onde moram os parentes | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
A paranaense reencontrou a família no Aeroporto Afonso Pena e seguiu viagem para Matinhos, onde moram os parentes| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

No Líbano, marido de Nariman registra queixa contra fuga

O marido de Nariman, o libanês Ahmed Holeihel, registrou queixa à polícia do Líbano pela fuga da mulher contra seu cunhado Hassan Melheen Sleinan, há cerca de um mês, disse a irmã de Nariman, Fátima Osma Chiah, que mora naquele país há 10 anos.

O processo contra Sleinan seria por ele ter ajudado Nariman a fugir do país e voltar ao Brasil com o filho Abbas, de seis anos, informou Fátima à reportagem da Gazeta do Povo na tarde desta quinta-feira (11).

"Meu marido ajudou minha irmã na primeira tentativa de fuga. Porém, desta vez, quem ajudou Nariman foi o governo brasileiro mesmo", afirma Fátima. O marido dela, Hassan, também entrou com um processo contra Holeihel. "O marido de Nariman fez contato conosco e nos ameaçou. O meu marido teve que fazer uma queixa na polícia sobre isso", diz.

A polícia libanesa foi informada das ameaças que Holeihel fez ao cunhado, além dos supostos maus-tratos que Nariman teria sido vítima do marido.

Em Matinhos, no Litoral do Paraná, o irmão de Nariman, Ahmed Chiah, afirma que Holeihel já chegou a ligar para a família e pedir informações da mulher e do filho. Durante as ligações, Holeihel chegou a fazer questionamentos e queria saber sobre a localização de Nariman. "Ele já ligou aqui. Chegou até a ameaçar as pessoas, mas agora nem queremos contato com ele", diz Ahmed.

Fátima ainda conta que seu marido foi chamado para prestar depoimentos na polícia do Líbano. "Já o convocaram algumas vezes e em todos os depoimentos ele negou que ajudou Nariman a fugir", conta. "Ela fez isso por vontade própria e com a ajuda de outras pessoas. Nós sabíamos que ela sofria abusos com o marido. Ela ligava para o Brasil e sempre relatava tudo o que acontecia de ruim para nossa mãe".

De acordo com Fátima, Holeihel sempre negou todas as acusações que Nariman fez contra ele.

Na primeira vez que Nariman tentou fugir do Líbano, no dia 21 de julho, ela ficou na casa de Fátima por um mês, na cidade de Baalbek. Holeihel não aceitava a situação e fez a mulher voltar a morar com ele. Segundo Fátima, a irmã sofreu muito no Líbano.

Aldrin Cordeiro

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Nariman Osman Chiah, a paranaense que fugiu do Líbano após ter supostamente sofrido maus-tratos do marido, foi recepcionada com fogos de artifício e buzinaço na chegada ao Restaurante Beduíno, de propriedade da família, em Matinhos, no litoral do Paraná, por volta do meio-dia desta quinta-feira (11). "Agora só quero ficar com minha família, ter tranqüilidade para cuidar dos meus filhos", diz. Grávida de 5 meses de uma menina, ela tem também um filho de seis anos, que a acompanhou durante a fuga. Segundo o pai de Nariman, Osman Fleiman Chiah, como a jovem gosta de cozinhar, provavelmente ela ajudará no restaurante.

Logo na chegada a Curitiba, o filho de Nariman se mostrava bastante assustado com a quantidade de pessoas que os recebeu. "Eu também estou muito assustada com a toda essa repercussão da história", disse a paranaense. O menino só ficou mais solto quando encontrou outras crianças na casa, em Matinhos, com quem brincava no começo da tarde.

Cerca de 50 pessoas, entre parentes, amigos e curiosos, aguardavam a chegada da jovem no estabelecimento. Até a terça-feira (9), ela estava na Embaixada do Brasil em Damasco, na Síria, onde conseguiu autorização para viajar. Ela saiu do aeroporto de Istambul, na Turquia, às 13h (horário de Brasília) de quarta-feira (10), e chegou por volta das 7h no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Às 10h30 desembarcou no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba e, de lá, seguiu diretamente para Matinhos.

O encontro com os familiares foi bastante emocionado. Pelo menos 10 pessoas da família da jovem foram ao aeroporto recebê-la. "O mais difícil durante todo esse tempo foi a espera pelo retorno ao Brasil", diz. A jovem, no entanto, afirma que em nenhum momento perdeu as esperanças. "Eu estive o tempo todo com Deus", disse ao telejornal Paraná TV 1ª edição.

De acordo com parentes da jovem, mais para o final da tarde está programada uma comemoração entre os familiares. No sábado (13) uma grande festa deve acontecer no restaurante da família.

Fuga

Nariman não conseguia deixar o Líbano por causa de leis religiosas do país e decidiu correr todos os riscos por sua liberdade ao lado do filho. Ela tentou atravessar a fronteira do país ilegalmente. Segundo reportagem exibida no Fantástico, no domingo (7), com uma legislação ocidentalizada, a Turquia seria o porto seguro para o embarque da paranaense ao Brasil.

Na madrugada do último sábado (6), Nariman, que estava refugiada em um abrigo sob proteção de uma organização não-governamental e do consulado brasileiro, iniciou a travessia clandestina, a pé, grávida de cinco meses e com o filho, rumo à Síria. O grupo cruzou montanhas e um rio, protegido pela escuridão da madrugada.

De táxi, margeando o Mar Mediterrâneo, Nariman e o filho seguiram para Halep, no Noroeste da Síria. Como não tinham o documento de entrada no território sírio, eles não consegtuiram deixar o país, e chegaram a ser ameaçados de prisão. Ela e o filho seguiram então para Homus, a quatro horas de Halep, onde tentariam conseguir a documentação exigida. De novo não foi possível, e novamente foram ameaçados de prisão. No desespero, Nariman conseguiu, no domingo (7), contato com a embaixada brasileira em Damasco, na Síria.

Entenda o caso

Nariman tentava fugir do Líbano desde que começou a sofrer agressões do marido, o libanês Ahmed Holeihel. No dia 21 de julho, ela foi barrada no aeroporto de Beirute, quando tentava retornar ao Brasil com o filho, no dia 21 de julho. O problema é que ela tem contra si uma ação aberta por seu próprio marido, Ahmed Holeihel, que a acusa de abandono do lar conjugal e seqüestro de menor, em um tribunal religioso.

De acordo com o cônsul-geral do Brasil em Beirute, Michael Gepp, essas acusações a impediam de sair do território libanês. Nariman disse à Gazeta do Povo Online que um advogado negociava a questão judicial no tribunal de Baalbek.

Ela foi para o Líbano com Holeihel no começo do ano. "No Brasil meu marido não me batia, ele tinha medo", conta. "Quando chegamos aqui é que começaram as agressões". No final de junho, Nariman fugiu de casa e procurou o consulado brasileiro para pedir ajuda para retornar ao país. Depois de ser barrada no aeroporto, Nariman e o filho foram conduzidos pelo consulado a uma organização não-governamental libanesa que presta auxílio a mulheres e crianças vítimas de violência doméstica. Sem agüentar a espera pela Justiça do Líbano, Nariman decidiu fugir para o Brasil ilegalmente no último sábado.

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