Vândalos que espalham suas pichações por Curitiba tentam chegar cada vez mais aos topos de prédios altos na capital. A maneira para chegar até lá não é a tradicional, por escadas ou elevadores: muitos ignoram o perigo e escalam os prédios, usando até mesmo a estrutura de para-raios para conseguir subir. Se para muitos o desafio é só pichar o mais alto possível, para outros grupos chegar até esses locais é um caminho para praticar roubos e furtos em edifícios do centro de Curitiba.
Uma pessoa que trabalha em um escritório que já foi roubado pelo grupo resolveu investigar a ação do grupo por meio das imagens das câmeras de segurança do prédio. “Eles não entraram pelo térreo. Lá no alto, no último andar, picharam uma sigla. Foi quando me dei conta que eles fizeram uma verdadeira escalada, pelo lado de fora até o terraço, subindo através do cabo do para-raios”, diz o homem, que pediu para não ser identificado.
Ele conta que depois de pichar as laterais e a parte da frente do edifício, o grupo desceu arrombando os escritórios. “Entraram em nove salas. A ação no prédio durou mais de quatro horas. É um absurdo, eles agem tranquilamente. Em outros prédios aqui da região, a ação se repete. Eles entram escalando pela parte de fora, picham os últimos andares e descem roubando os escritórios”, relata.
Números da pichação em Curitiba
5.109: denúncias atendidas pela Guarda Municipal desde 2013
877: flagrantes registrados pela Guarda Municipal desde 2013
1.593: atendimentos realizados com ajuda de câmeras desde 2013
285: pessoas presas ou apreendidas em flagrante desde 2013
445: denúncias atendidas só de janeiro a novembro de 2016
55: flagrantes registrados só de janeiro a novembro de 2016
70%: das infrações são cometidas por garotos do sexo masculino
R$ 1 milhão: é o prejuízo anual causado pela pichação aos cofres públicos
R$ 2 milhões: é o prejuízo anual causado pela pichação a prédios privados
Fonte: Guarda Municipal de Curitiba
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Crime registrado
As câmeras de segurança de alguns dos edifícios filmaram a ação dos bandidos nos andares que tiveram as salas arrombadas. Eles descem do elevador com blusas de moletom e boné na cabeça. Nas mãos, lanternas e pé de cabra. Com uma mochila nas costas, andam em direção às salas e arrombam as portas. Os alvos são preferencialmente escritórios de contabilidade, advocacia, empresas de turismo e recursos humanos. A polícia acredita que eles prefiram esses locais por terem computadores, impressoras, celulares e outros aparelhos eletrônicos com fácil entrada no mercado ilegal.
Não é possível afirmar que o mesmo grupo seja o responsável pelas várias situações de furto no Centro. Mas o modo de agir desses grupos tem uma ‘marca‘: a pichação. Caminhando pelas ruas da região é possível encontrar vários comércios, muros e outros estabelecimentos pichados.
Fotos de pichações são publicadas nas redes sociais como uma espécie de “troféu”. Em seus perfis, os pichadores exibem suas pichações nas alturas e desafiam outros a fazerem o mesmo. A partir destas postagens em Facebook e Instagram, a vítima identificou pichadores e entregou à polícia um “dossiê” com as imagens.
As siglas pichadas nas paredes e muros da capital se repetem. Segundo a Guarda Municipal, essa é a maneira que esses jovens encontram de marcar território e mostrar sua marca e agora, ao que parece, “o céu é o limite”.
Denuncie
Mauricio Arruda, diretor de inteligência da Guarda Municipal, alerta que a pichação é crime. “Pichar é crime ambiental. A lei estipula detenção de 3 meses a 1 ano e pagamento de multa no valor de R$ 1.993,96 para quem for pego em flagrante. Quando o individuo é menor são aplicadas medidas socioeducativas”, afirma.
Quem vende tinta aos infratores também é punido. A lei trata da proibição de comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a menores de 18 anos e aplica multa de R$ 4.984,91 ao comerciante que for pego fazendo esse tipo de venda.
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