A Curitiba diferente do arquiteto Salvador Gnoato também tem nome de rua – a Saldanha Marinho. "É um lugar cult. Na Saldanha, as regras são transgredidas", define, referindo-se à convivência entre a Catedral, uma sinagoga e o submundo de hotéis de alta-rotatividade, em plena paisagem estreita, com rua de pedra e cheirando a guardado. Para Gnoato, o movimento de posse das ruas antigas já começou, precisamente na área da Prudente de Moraes e Praça Espanha. Residências anteriores à lei de cinco metros de recuo, rentes à calçada, viraram comércio e o passeio se tornou território semipúblico. Quem jurava que jamais veria curitibanos sentados na calçada, dividindo espaço com passantes, errou. Estranho, muito estranho.

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A paisagem útil da Barão

O voto do fotógrafo Orlando Azevedo – conhecido por perambular, máquina em punho, pelos becos da cidade – vai para a beleza roubada da Praça Eufrásio Correia, entre a Câmara de Vereadores e o Shopping Estação. "Estranho que ela tenha se mantido intacta tanto quanto estranho que seja tão desconhecida."

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Na linha "como é que isso foi acontecer", cita o desprezo geral pelo trecho que vai da própria Eufrásio até a "Praça do Homem Nu", próximo ao Passeio Público, pela Avenida Barão do Rio Branco. "É a grande artéria da cidade e está degradada. Uma contradição. Adotamos cenários artificiais e não percebemos essa via que corta o melhor do Centro, como a Riachuelo e a São Francisco."

A fotógrafa Vilma Slomp – que mantém ativa uma pesquisa de imagens sobre Curitiba iniciada na década de 80 – faz sua reverência a lugares como a Praça Eufrásio Correia e o Passeio Público. E chama atenção para uma das particularidades locais: as praças do Centro não funcionam, a rigor, como praças, posto que são pouco convidativas. Zacarias, Osório, Santos Andrade, Tiradentes, Carlos Gomes, 19 de Dezembro, elenca, não lhe parecem aconchegantes. Estranhíssimo. "São lugares que despacham todo mundo. Eu me pergunto, do Teatro Guaíra à Praça Osório, onde é que posso me sentar, numa boa?" (JCF)