Em estudo publicado recentemente, a Universidade McGill, localizada no Canadá, questiona o método utilizado na América do Norte para identificar a depressão nos adolescentes e crianças. Por lá, os profissionais de saúde são incentivados a realizar exames de rotina, seguindo um questionário simples com perguntas sobre os sintomas da doença, para descobrir a existência ou não da depressão. Nos EUA, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos recomenda que os médicos deem especial atenção para a faixa etária de 13 a 18 anos.
A pesquisa aponta que não existem provas suficientes para atestar a eficiência do uso dos questionários com o público de seis a 18 anos, o que indica a existência de erros de diagnóstico. Para chegar à essa conclusão, os autores compilaram diversos estudos que colocam o sistema de identificação utilizado em cheque. No fim da busca, os pesquisadores só encontraram 17 estudos que comparam os resultados obtidos pelos questionários com a deliberação de um psicólogo, após uma consulta com o adolescente ou a criança, para determinar se estavam depressivos.
Ao entrarem em contato com a metodologia e os resultados dos estudos, eles descobriram que a maioria das pesquisas eram muito pequenas e que também não havia dados suficientes para estabelecerem um ponto de corte nos questionários que definisse a partir de qual pontuação final uma pessoa teria depressão.
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Leia a matéria completaNo Brasil a detecção da doença no público infantojuvenil muitas vezes é feita pela escola e pela família, que encaminham o jovem para um psicólogo. De acordo com a psicóloga Priscila Badotti, a mudança no comportamento da criança varia de irritação e impaciência a medo e ansiedade.
“A depressão na fase da infância e adolescência é diferente da adulta. Muitas vezes a criança não chega a ficar triste, apenas irritada. Já o adolescente se isola dos amigos e da família”, afirma a psicóloga que utiliza a abordagem psicanalítica.
A psicanálise, corrente da psicologia criada por Freud, usa a conversa para tratar as doenças mentais. O psicólogo auxilia o paciente a encontrar a origem dos seus problemas, como situações mal resolvidas do passado, por meio da palavra.
“A criança costuma compartilhar muito mais que o adolescente. Ao lidar com os pequenos muitas vezes nós, psicólogos, utilizamos do lúdico. Vários recursos podem ser aplicados para entrar em contato com a realidade da criança. É comum que se utilize jogos, desenho, pintura, massinha de modelar ou qualquer outra coisa que a atraia”, explica a profissional especialista em psicologia infantil.
A psicóloga aponta que variação de comportamento da criança não deve ser confundida com algo passageiro como uma birra. É preciso que há mais de um mês os responsáveis notem a diferença de humor, ou até mesmo na rotina de sono: “algumas podem apresentar dificuldade para dormir”, afirma. Já nos adolescentes é mais difícil identificar a depressão, pela própria tendência da idade de ficar mais ausente da família. “Existe uma linha tênue entre adolescência e depressão. Não sair com os amigos e não mostrar interesse por nada pode apontar um quadro depressivo”, aponta Priscila.
Outra área afetada pela depressão é o desempenho escolar. “Tanto a criança quanto o adolescente se mostram indiferentes ao aprendizado. Na fase do vestibular, o jovem pode não demonstrar afinidade com nenhum curso”, exemplifica, “já estar deprimido e se encontrar num curso que não corresponde às expectativas pode agravar a situação”, completa.
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