Presidente da Câmara diz que analisará as demandas
Ao chegar de viagem a Rússia, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), fez uma rápida reunião na noite desta quinta-feira (20) com diretores e equipe de segurança para tomar conhecimento da onda de protestos que tomou conta do Congresso Nacional pela segunda vez nesta semana. Alves anunciou que, a partir de amanhã, a Câmara trabalhará para "interpretar" as demandas dos movimentos.
Depois de acompanhar boa parte dos protestos do dia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 desta sexta-feira (21) com os minsitros mais próximos, entre eles o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil. Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.
A invasão ao Palácio do Itamaraty deixou as autoridades palacianas "assustadas" e chocadas". Elas consideraram este fato "muito grave". Embora apenas Cardozo apareça na agenda de Dilma, os ministros chamados da Casa, que trabalham do Planalto, participarão do encontro. Na pauta, o mapeamento da extensão das manifestações e medidas emergenciais que podem ser tomadas para arrefecer o movimento.
Apesar de especulações, a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff fazer um pronunciamento para responder aos protestos - e particularmente, à ação de vândalos que destruíram parte do Itamaraty - estava descartada na noite desta quinta-feira. Mas, na reunião desta sexta-feira, com o ministro Cardozo, e os ministros da Casa Civil, da Secretaria Geral, da Comunicação Social, e das Relações Institucionais, que trabalham no Planalto poderá haver uma nova decisão de haver algum tipo de pronunciamento da presidente. Outros ministros poderão ser convocados para o encontro.
De acordo com auxiliares da presidente, esta postura violenta foi "além da conta". O problema, lembram, é que nesta quinta-feira não havia uma reivindicação específica que o governo possa analisar. Era o protesto pelo protesto.
Até aqui, Dilma só fez uma referência pública aos protestos, na terça-feira (18), durante o lançamento da proposta do Código de Mineração. Nela, a presidente apoiava as manifestações de cunho pacífico.
Na hora em que Dilma deixava o Planalto, o Itamaraty era atacado pelos manifestantes nesta quinta (20). O palácio presidencial está protegido fortemente por policiais e militares, além do Exército. A presidente despachou na noite desta quinta-feira no Palácio do Planalto com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, desde as 16h. Não foi divulgado o assunto da audiência.
As manifestações são acompanhadas no Planalto pela Secretaria-Geral da Presidência, responsável no governo pela articulação com movimentos da sociedade civil. O secretário executivo da pasta, Diogo de Sant'ana, recebeu nesta quinta de manifestantes um documento com reivindicações dirigidas à presidente. O grupo pede uma reunião entre o governo e vários grupos que organizam os protestos Brasil afora.
Viagens canceladas
A presidente decidiu cancelar a viagem que faria nesta sexta-feira (21) a Salvador para anunciar o Plano Safra do Semiárido. Dilma também cancelou viagem que faria ao Japão na próxima semana diante do quadro de turbulência no mercado financeiro mundial e para acompanhar de perto a evolução das negociações sobre as manifestações que tomaram conta do país nas últimas semanas.
Segundo a assessoria, a viagem será remarcada para outra data. A presidente tinha agenda oficial no Japão entre os dias 26 e 28 de junho e deveria embarcar na próxima segunda-feira (24).
Dilma avaliou que não deveria sair do país neste momento de instabilidade tanto no cenário internacional como interno. Na semana passada, quando as manifestações ganharam força, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), estavam em Paris.
Por causa do cancelamento da viagem ao Japão, Dilma alterou também a data de sua visita a Salvador, prevista para amanhã. Agora, a agenda na Bahia deve ser remarcada para a próxima semana.
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