Mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira (26), nas dez unidades do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná (CRECI-PR), revelaram um esquema implantado na autarquia e que atingia todas as esferas do órgão. Segundo a PF, servidores e diretores se aproveitavam da estrutura do conselho para "vender" cursos preparatórios específicos, em escolas que pertencem aos gestores do Creci. As investigações serão ampliadas, mas nesta fase dos trabalhos ninguém foi preso.
Para conseguir registro profissional e atuar como corretor de imóveis, os candidatos obrigatoriamente têm que frequentar um curso e ser aprovados em uma prova do conselho. De acordo com o delegado Algacir Mikalovski, as pessoas eram induzidas por funcionários do CRECI a "comprar" o curso na escola dos diretores da autarquia, que custaria cerca de R$ 1 mil por aluno.
"Pela maneira como acontecia, as pessoas saiam com a impressão de que só podiam fazer o curso naquela determinada escola. A concorrência era tolhida por meio de práticas ilegais realizadas por essas pessoas ligadas ao CRECI", explicou o delegado. "O agravante é que o crime ocorria dentro de uma estrutura pública", complementou.
Provas
No cumprimento dos mandados, a PF apreendeu apostilas e recibos. O material foi encontrado dentro das unidades do CRECI, o que comprova que o esquema funcionava no interior da autarquia. Segundo a polícia, funcionários recebiam comissão dos diretores para direcionar os candidatos à escola dos gestores. "O produto apreendido trouxe farta materialidade ao caso. A partir de agora, esses documentos serão analisados e os novos rumos da investigação serão definidos", disse Mikalovski.
A PF apurou que a prática se dava nas dez unidades do Creci no Paraná, nas cidades de Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Pato Branco, Umuarama, Matinhos e Guarapuava. De acordo com a polícia, em todos os municípios, a escola que pertence aos diretores da autarquia tem o mesmo nome (que não foi divulgado). A investigações apontam o envolvimento de dezenas de pessoas, entre diretores e servidores.
Além da apreensão, a PF infiltrou agentes, que frequentaram o curso na escola que integra o esquema e filmaram as aulas. A polícia, no entanto, ainda não tem dimensão do número exato de vítimas o do prejuízo causado com o golpe. De acordo com o delegado, o crime configura estelionato e patrocínio do interesse particular perante a iniciativa pública.
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