A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, foi uma batalha pelo controle do tráfico de cocaína na região, especialmente a produzida no Peru, considerada hoje mais pura e, por isso mesmo, mais rentável no mercado internacional, conforme disse ao jornal O Globo uma autoridade federal que acompanha o assunto.
Segundo esta autoridade, a guerra pelo controle do narcotráfico é intensa e, se não for contida, outros banhos de sangue podem se repetir em outros presídios, sobretudo em Santa Catarina, Paraíba e Pernambuco.
São estados onde ainda existem disputas de força entre as facções. Sem um grupo hegemônico, a tendência das quadrilhas, baseadas dentro dos presídios, é partir para confronto aberto com o risco de matança em larga escala.
Este teria sido um dos motivos de recente rebelião em Roraima, que resultou na morte de 11 presos. São Paulo e Rio de Janeiro, embora tenham uma numerosa população carcerária, estariam passando ao largo do problema porque são áreas controladas por antigas facções.
“A rebelião no Amazonas é mais um capítulo pela disputa do mercado da cocaína. Uma facção local está resistindo à entrada na região da facção que controla os presídios paulistas”, disse uma autoridade federal, sob a condição do anonimato.
A Polícia Federal também já identificou há algum tempo o recrudescimento da disputa pelo controle das rotas da cocaína, com ameça aos estados de fronteira. “Esta situação pode se repetir em outros presídios da Região Norte”, alerta um delegado.
O risco é considerado tão evidente que, num almoço com senadores do PSDB, em 17 de outubro passado, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, falou sobre a iminência de uma guerra de facções em presídios da Região Norte, tendo como pano de fundo a disputa pelo controle do tráfico de cocaína. Segundo o ministro, a venda da maconha responde por 80% do volume do comércio de drogas, mas os lucros mais expressivos teriam como origem o tráfico de cocaína. Viria daí o risco dos choques mais violentos entre as quadrilhas.
Autoridades federais apontam também a possibilidade de rebeliões sangrentas em Santa Catarina, onde dois grupos rivais brigam pelos lucros de drogas vindas do Paraguai. Em Pernambuco e na Paraíba, os confrontos seriam em âmbito estadual. A facção que controlaria presídios pernambucanos teria forte rivalidade com uma quadrilha baseada em presídios paraibanos. Os grupos já teriam tido confrontos e, com o passar do tempo, as disputas estariam cada vez mais acirradas.
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