A ex-assessora financeira do PT Soraya Garcia prestou depoimento de quase quatro horas nesta terça-feira à Polícia Federal (PF) no inquérito que apura supostas irregularidades na prestação de contas oficial à Justiça Eleitoral da campanha de reeleição do prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, no ano passado. Ela reafirmou que dinheiro doado por empresas que não queriam aparecer na contabilidade petista foi "esquentado" com recibos eleitorais emitidos em nomes de pessoas ligadas ao PT ou membros do primeiro escalão do governo Nedson.

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Segundo Soraya, mais de R$ 60 mil foram declarados a partir desse esquema, pulverizados em doações de R$ 1 mil (na maioria dos casos) ou mais. Ela disse ainda que recibos eleitorais apresentados na contabilidade oficial da campanha apresentam assinaturas falsas do presidente do PT municipal e atual secretário municipal de Gestão Pública, Jacks Dias. Questionada sobre quem era o responsável pela falsificação, a ex-assessora se recusou a dizer. "A assinatura do Jacks é uma, nos documentos é outra. Quem assinava, só digo para a polícia."

O advogado Mauro Aguilera, que acompanhou Soraya, explicou que o dinheiro doado por algumas empresas para a campanha eleitoral do PT era camuflado quando os doadores não queriam ter seus nomes vinculados à campanha ou quando não poderiam figurar na lista de doadores, por participarem de licitações ou por terem contratos públicos.

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"(A fraude) É um crime muito grande e foi feito a mando da Executiva do partido", acusou nesta terça a ex assessora. "O ‘caixa um’ estava com tantos problemas quanto o caixa dois. Como ninguém falava nada (do caixa oficial), fui ao Ministério Público e entreguei", acrescentou.

Investigações

A partir das informações prestadas pela ex-assessora do PT Soraya Garcia, a Polícia Federal vai concentrar a investigação do caixa oficial nos doadores de campanha que aparecem na prestação entregue à Justiça Eleitoral.

"Ela (Soraya) coloca em suspeição boa parte das doações", disse o delegado Fernando Lara, responsável pelo inquérito. Segundo ele, o depoimento desta terça foi "produtivo". "A denunciante trouxe os esclarecimentos diante do fato de que participou ativamente nas situações narradas", explicou Lara. O delegado deve ouvir testemunhas citadas ainda nesta semana. Lara pretende que os setores técnicos de perícia do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e da PF atuem de forma conjunta, com o objetivo de esmiuçar as contas apresentadas à Justiça Eleitoral pelo PT.

Caixa dois

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Além do caixa oficial, a Polícia Federal investiga um suposto caixa dois na campanha petista do ano passado, também denunciado por Soraya Garcia. Após 30 dias, o delegado responsável pelo inquérito, Kandy Takahashi, pediu à Justiça mais 60, para concluir a investigação. O pedido ainda não foi respondido.

Veja o que mais Soraya Garcia disse na reportagem em vídeo

PT quer trancar inquérito da PF sobre caixa oficial