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Enchente em Trizidela do Vale, a 226 quilômetros de São Luís: inundação atinge 90% da cidade | Fernando Donasci/FP
Enchente em Trizidela do Vale, a 226 quilômetros de São Luís: inundação atinge 90% da cidade| Foto: Fernando Donasci/FP

Trégua na chuva permite reforma de barragem no Piauí

Agência Estado

São Paulo - A chuva deu uma trégua no Estado do Piauí, ajudando a adiantar a reforma em uma das barragens do Estado que acabou transbordando na semana passada, prejudicando mais de 100 famílias, segundo dados do governo estadual. A paralisação das chuvas na região de Cocal da Estação, no norte do Estado, onde está localizada a barragem de Algodões 1, e a diminuição do volume das águas vindas das barragens localizadas no estado do Ceará, as quais desembocam na represa de Algodões, ajudaram a acelerar a reforma.

Os trabalhos de reparos no local estão sendo realizados com a máxima intensidade e seguindo orientações do projetista da barragem, o engenheiro Luiz Hernane. Um dique de proteção está sendo finalizado, o que vai impedir que as águas penetrem na parede de concreto.

Além disso, está sendo feito um reforço no pedaço da parede que rompeu e máquinas trabalham na recuperação do acesso à barragem, onde as chuvas e a forte pressão das águas provocaram uma erosão. Os reparos se estendem ainda ao canal por onde escoam as águas que transbordaram.

Retorno

Com as perspectivas positivas, as famílias ribeirinhas removidas devem voltar para suas casas a partir da quinta-feira. Enquanto isso, equipes da Polícia Militar e Bombeiros vão coordenar uma ação que deve permitir a visita de algumas pessoas aos locais onde moram, para verificar os pertences, animais e casa.

A barragem de Algodões I transbordou na última quinta-feira, após ameaça de rompimento, segundo informações da Coordenadoria de Comunicação Social do governo do estado. O volume de água, de acordo com a coordenadoria, ultrapassou a capacidade da barragem, que é de 52 bilhões de litros, por causa das chuvas das últimas semanas no estado.

São Luís e São Paulo - Dados das secretarias de saúde das cidades atingidas pelas enchentes no Maranhão atestam que houve um aumento considerável de doenças ligadas diretamente às cheias dos rios, como hepatite, leptospirose, dengue, diarreia crônica, gripe, parasitoses intestinais, entre outras. Em Trizidela do Vale, a 226 km de São Luís, o número de internações e de atendimentos do Programa de Saúde da Família (PSF), em decorrência daquelas enfermidades, triplicou.

Conforme dados da Secretaria da Saúde de Trizidela do Vale, eram feitos, pelo PSF, cerca de 2,2 mil atendimentos por mês. Com a inundação de 90% da cidade, foram feitas, nos últimos 30 dias, 6,8 mil consultas do programa. Nesse período também foram registradas 350 internações no Hospital Municipal Dr. João Alberto, o único do município em condições de funcionamento. "Para atender a tanta gente, fomos obrigados a diminuir o tempo de permanência das pessoas no hospital", explicou a secretária de Saúde de Trizidela, Ediuene Sousa.

Em Pedreiras, cidade vizinha a Trizidela, 730 pessoas foram atendidas nos últimos 30 dias com doenças ligadas diretamente às enchentes. Do total de atendimentos, foram registradas 12 internações por hepatite A e dois casos de leptospirose. "Em períodos normais, nós registrávamos, por exemplo, menos de quatro casos de hepatite A por mês", comparou o secretário municipal de saúde de Pedreiras, José Ivaldo Lima.

Nas duas cidades, além do grande número de doentes, existe outro problema: a redução da rede de hospitais. Dos dois hospitais de Trizidela, um ficou alagado e os atendimentos foram concentrados em apenas uma unidade com 30 leitos disponíveis. Em Pedreiras, o hospital infantil, com 35 leitos, foi interditado após uma enxurrada. Os atendimentos lá são concentrados no Hospital Geral do Município, com 45 leitos.

Pelos dados da Defesa Civil do Maranhão, subiu para 116 mil o número de desabrigados e desalojados em todo o estado e para 338 mil o de atingidos pelas enchentes. São 93 cidades em situação de emergência em todo o Maranhão.

Outros estados

No Piauí, há suspeitas de leptospirose em três municípios – Luís Correia, Buriti do Norte e Ilha Grande. A Secretaria Estadual da Saúde tem dez equipes percorrendo as 40 cidades em situação de emergência para distribuir medicamentos e aplicar vacinas contra tétano.

Na Paraíba, a Secretaria Estadual da Saúde monitora dois casos suspeitos de leptospirose. O resultado deve sair até o fim de semana. Duas pessoas de Piancó, a 400 km de João Pessoa, apresentaram os sintomas da doença depois de andarem por lavouras inundadas, segundo informações do Núcleo de Zoonoses da secretaria.

A leptospirose é uma doença transmitida por urina e fezes de ratos que, nas enchentes, se misturam às águas. Os sintomas são semelhantes aos da dengue clássica: febre e dor de cabeça intensa, com dores musculares generalizadas.

"Estamos distribuindo água potável e orientando as pessoas a evitar ter contato com a água das enchentes’’, diz o major Abner Carvalho, responsável pela comunicação da Defesa Civil do Maranhão.

Em todo o Nordeste, já chega a 300 mil o número de pessoas fora de casa em razão das chuvas, que atingem a região desde o início de abril. São 230 municípios em situação de emergência e ao menos 41 mortos – número que, segundo a Defesa Civil dos estados, pode aumentar, porque há desaparecidos.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de mais chuvas para os próximos dias nos nove estados da região.

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