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Dois táxis suspeitos de participação na fraude dos taxímetros foram apreendidos em Curitiba. A suspeita é que eles estariam utilizando um sistema que aumenta o valor da corrida em até 30%. Os dois proprietários dos veículos foram indiciados por estelionato, assim como os proprietários da empresa que fabrica e instala os taxímetros.

As investigações apontam que, nos táxis apreendidos, o taxímetro tinha o dispositivo em um lugar não visível que aumentava o valor da corrida em 30%, quando acionado. O sistema era ligado ao circuito do taxímetro por um fio externo, o que não provocava o rompimento do lacre. O taxímetro utilizado para a suposta fraude seria da marca B&P e modelo TKS.

Um dos proprietários da empresa, o engenheiro eletrônico Eude Alves Batista, negou relação com a suposta fraude. Para ele, a pessoa que instalou o dispositivo entende de eletrônica e conhece o aparelho. "Durante anos, tive vários funcionários qualificados com acesso à placa, alguém pode ter feito lá fora (depois de sair da empresa)".

Eude não acredita que o aparelho tenha sido modificado sem que o lacre original do Ipem tenha sido removido. "Quem conhece eletrônica percebe que é impossível colocar uma solda pela fresta da caixa. O lacre deve ter, sim, sido fraudado em algum momento", avalia.

Ele estima que outros 195 taxistas de Curitiba utilizem o mesmo aparelho. O Ipem reconhece que é possível que outros taxistas que tenham utilizado o dispositivo retirem o equipamento para não apresentarem irregularidades.

De acordo com o delegado Jairo Estorilio, da Delegacia do Consumidor (Delcon), o aumento de 30% no valor da tarifa só é permitido quando o táxi realiza um percurso envolvendo dois municípios. Mesmo assim, a cobrança de 30% pelo deslocamento para outra cidade só pode ser feito manualmente.

O modelo TKS 56, produzido pela empresa curitibana B&P, contém um localizador GPS que identifica quando o carro sai da cidade e calcula o acréscimo automaticamente. Modificado, o taxímetro recebia a ordem para adicionar o valor assim que o condutor acionava o botão.

Os dois taxistas e os proprietários da empresa já indiciados responderão em liberdade. Os táxis vão passar por perícia. O Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) afirmou que está enviando uma notificação para os proprietários que utilizam taxímetros desta marca e modelo para se apresentarem ao órgão juntamente com seus veículos. Quem não se apresentar poderá ser indiciado por estelionato.

Fiscalização

A Urbanização de Curitiba (Urbs) anunciou que vai realizar uma inspeção em parte da frota de táxis de Curitiba, após a denúncia anônima de que alguns taxímetros permitem adulterar o preço final da corrida. O trabalho será coordenado pelo Ipem, órgão responsável por homologar os aparelhos à venda no mercado e vistoriar o uso pelos taxistas.

De acordo com a Urbs, o órgão recebeu a denúncia de adulteração na semana passada e iniciou uma investigação em parceria com a Delcon e o Ipem/Inmetro. Em um táxi, as autoridades encontraram um dispositivo inserido dentro do taxímetro que possibilita cobrar uma tarifa maior por distância percorrida, podendo chegar a até 30% sobre o valor normal da corrida. Esse dispositivo pode ser acionado pelo motorista usando um controle externo. "O taxímetro original não deveria ter essa peça, porém o lacre do Ipem não havia sido rompido", explica Rubico Camargo, presidente do Ipem. Ele compara o esquema ao descoberto recentemente em bombas de combustível em várias cidades brasileiras, Curi­­tiba inclusive. "Agora vamos investigar quem adulterou o aparelho, e como. A polícia vai poder verificar a extensão disso", diz.

O Ipem avalia que a vistoria nos 195 táxis deve durar menos de uma semana. Nesse período, os taxistas poderão continuar trabalhando com estes veículos.

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